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Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 18h00.
São Paulo – Embora mais de 30 categorias do funcionalismo público estejam em greve, a população não sente na pele – ou pelo menos não imediatamente – as consequências da paralisação de todas elas. Afinal, há uma grande diferença entre enfrentar filas em aeroportos, como mostra a foto acima, e apenas ficar sabendo das dificuldades enfrentadas por fabricantes para exportar, por causa da operação padrão de auditores da Receita.
Veja abaixo 5 embaraços que a greve causou para diferentes grupos de pessoas, seja pela paralisação total, temporária ou operação padrão.
1) Falta de medicamentos
Têm sido veiculadass notícias de pacientes que estão com o tratamento de doenças graves, como o câncer, sob risco por falta de medicamentos ou reagentes para fazer exames. Um dos casos foi relatado pelo Jornal Nacional.
A Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), que representa 46 das principais instituições particulares do país, afirma que 3 em cada 4 associados estão com estoques baixos de vários produtos e que a situação é preocupante.
Em São Paulo, no Hospital A.C. Camargo, um dos principais do Brasil quando se trata de tratamento oncológico, um quimioterápico para câncer de mama e colorretal está em falta.
2) Filas em aeroportos
Alguns episódios de apitaços e manifestações de policiais federais em vários estados podem até incomodar ouvidos mais sensíveis, mas transtorno mesmo é quando a categoria realiza as chamadas operações padrão, normalmente caracterizada por efetuarem o trabalho de uma maneira extremada - ou seja, vistoriam demais ou de menos.
No caso dos aeroportos, isso significa revistar todos os passageiros que querem embarcar ou desembarcar de voos internacionais, em vez de fazer isso por amostragem. Em Brasília, no dia 16, a fila atravessou o aeroporto.
Situações semelhantes ocorreram em muitos outros terminais pelo país. Em Guarulhos, quase 20% dos voos saíram atrasados, segundo a Infraero.
3) Congestionamento em estradas
Operação padrão, no caso dos policiais rodoviários federais, significa fiscalizar um grande número de veículos, causando congestionamentos. Foi o que ocorreu em vários pontos do país em diferentes dias de agosto. No Paraná, houve engarrafamento no dia 16 na rodovia Régis Bittencourt, que leva a São Paulo.
Causou polêmica um cartaz fixado em um posto do estado do Rio de Janeiro: "Posto PRF fechado! Passagem livre para tráfico de drogas e armas: esta é a resposta do governo federal para a segurança pública!", dizia o aviso.
Junto com a PF, agentes da PRF foram proibidos de realizar manifestações do tipo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
4) Dificuldade para conseguir passaporte
Em escala pequena, obter passaportes tornou-se difícil por duas razões: no Rio de Janeiro, a Polícia Federal chegou de fato a suspender a emissão do documento, prejudicando os cariocas.
Mas quem realmente vai enfrentar dificuldades são os brasileiros que moram no exterior e precisam renovar o passaporte ou conseguir um: desde a última quarta-feira, oficiais e assistentes de chancelaria do Itamaraty estão em greve. E, lá fora, quem cuida disso são eles, não a PF.
5) Não ter aulas que terão de ser repostas depois
Desde que os professores das universidades e institutos técnicos federais começaram a greve, em meados de maio, já se passaram mais de três meses. Desde a semana passada, o movimento começa a se reverter. UnB e a UFSC estão entre as que já saíram da greve.
Os transtornos, nesses casos, são para os alunos, que ficaram parados sem saber quando as aulas voltariam. E agora terão de repô-las acumulando semestres com pouco ou nenhum intervalo entre eles.