Os 5 momentos mais surreais da CPI da Petrobras até agora
Roedores, cantorias e até uma hipótese digna de roteiro de novela mexicana. Veja uma seleção de fatos que têm tornado a CPI da Petrobras surreal
Deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) discutem na primeira sessão da CPI da Petrobras (Câmara dos Deputados/Montagem de Exame.com)
Talita Abrantes
Publicado em 22 de maio de 2015 às 06h08.
São Paulo – Roedores, cantorias e até uma hipótese digna de roteiro de novela mexicana. Nos quase três meses de operação, a CPI da Petrobras tem protagonizado cenas improváveis para uma comissão que se propõe a investigar crimes de corrupção na maior empresa do país.
A última aconteceu nesta semana quando o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), desconfiou que o ex-deputado José Janene teria simulado a própria morte.
Em ao menos outras quatro situações, os parlamentares que atuam na CPI protagonizaram ou experimentaram momentos constrangedores. Veja alguns deles:
Quando a CPI desconfiou da morte de Janene Arquivo/VEJA
José Janene (PP), na Câmara, em 2005: ex-deputado morreu - oficialmente - em 2010. A CPI da Petrobras desconfia desta versão
O ex-deputado José Janene (PP-PR) morreu oficialmente em setembro de 2010 no Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo e foi sepultado em uma cerimônia islâmica em Londrina, no Paraná. Mas desde a última quarta-feira, o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta, colocou em xeque a veracidade desta história.
A suspeita é de que ele esteja vivo em algum país da América Central e que teria simulado a própria morte para escapar da condenação por envolvimento no escândalo do mensalão. Janene também foi apontado como um dos mentores do caso de corrupção na Petrobras.
Em mensagem enviada ao deputado Júlio Delgado (PSB), a filha do deputado falecido, Danielle Janene, chamou Motta – que tem 25 anos - de garoto e afirmou que ele estaria fazendo uma brincadeira de mau gosto para desviar o foco das investigações. O jovem deputado do PMDB aguarda, agora, documentos que comprovem o óbito.
Quando: 20/05
Quando o depoimento de doleira virou um show musical
Para explicar o relacionamento amoroso que manteve com o doleiro Alberto Youssef entre 2000 e 2009, a doleira Nelma Kodama recorreu ao rei. "Tem até aquela música do Roberto Carlos ... Amada Amante, Amada Amante?", cantou com os braços erguidos para o público.
Alguns deputados a acompanharam no refrão do clássico da música brasileira, mas foram repreendidos pelo presidente da CPI da Petrobras que alertou: Não estamos em um teatro.
Quando: 12/05
Quando roedores invadiram a sessão
Ratos são soltos na CPI da Petrobras antes do depoimento de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT (Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
Seis roedores foram soltos por um funcionário da Câmara no plenário da CPI da Petrobras segundos depois que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto entrou na sala para prestar depoimento. Sem rumo, os animais causaram tumulto entre os presentes. O servidor Márcio Martins de Oliveira, responsabilizado pela cena, foi exonerado.
Quando: 09/04
Quando Cunha foi elogiado exaustivamente por colegas
Suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi um dos primeiros suspeitos a prestar depoimento na CPI. O encontro, contudo, foi recheado mais por elogios do que questionamentos.
A deputada Clarissa Garotinho – cujo pai é rival histórico de Cunha - foi a única a criticar a postura dos colegas. Para ela, o depoimento havia se transformado em uma verdadeira reunião de felicitações.
Quando: 12/03
Quando deputados trocaram ofensas
Logo de cara, a CPI da Petrobras virou notícia após um bate boca entre deputados e o presidente da comissão. Motta nomeou nomear parlamentares para sub-relatorias sem consultar os outros membros da CPI.
A decisão gerou protestos e ele chegou a ser chamado de moleque pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). "Eu quero dizer a vossa excelência que eu não tenho medo de grito e que da terra onde eu venho homem não me grita", disse Motta aos berros. Veja o vídeo:
EXTRA: Metade da CPI da Petrobras foi financiada por empresas da Lava Jato
Juntas, Odebrecht, Galvão Engenharia, Engevix, Andrade Gutierrez, UTC, OAS e Toyo Setal doaram mais de 3,5 milhões de reais aos parlamentares escolhidos para investigar o esquema de corrupção.
Quase metade desse valor foi doado apenas para os deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e Luiz Sérgio (PT-RJ), respectivamente presidente e relator da comissão.
1. Os deputados da CPI das Petrobras que mais ganharam das empresas da Lava Jato nas eleiçõeszoom_out_map
1/17(Petrobras/Divulgação)
São Paulo - Dos 27 escolhidos para participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ao menos 13 tiveram parte de suas campanhas eleitorais financiadas por empresas investigadas no âmbito da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na estatal. Juntas, Odebrecht, Galvão Engenharia, Engevix, Andrade Gutierrez, UTC, OAS e Toyo Setal doaram mais de 3,5 milhões de reais aos deputados federais que vão atuar na CPI que foi instalada nesta quinta-feira. Quase metade desse valor foi doado apenas para os deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e Luiz Sérgio (PT-RJ), respectivamente presidente e relator da comissão. O aparente paradoxo gerou um debate acalorado no primeiro dia de trabalhos da CPI. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou uma questão de ordem pedindo a destituição dos parlamentares que receberam doações das empresas investigadas. O pedido foi rejeitado pela Câmara. "Não podemos criminalizar quem recebeu o financiamento legal para suas campanhas", disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). Esta é a terceira vez que o Congresso instala uma CPI para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. O objetivo, desta vez, é apurar as irregularidades ocorridas entre 2005 e 2015. Os trabalhos devem durar 120 dias, com a possibilidade de prorrogação de mais 60 dias. Veja, nas fotos, o ranking dos deputados da CPI das Petrobras que mais ganharam das empresas da Lava Jato nas eleições, segundo levantamento de EXAME.com com base nos dados divulgados pelas campanhas dos parlamentares.
O relator da CPI da Petrobras recebeu R$ 2.429.512,5 em doações nas eleições passadas. As empreiteiras da Lava Jato foram responsáveis por 40% deste total.
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 454.572,50
Andrade Gutierrez
R$ 254.572,50
Odebrecht
R$ 200.000,00
Aos 25 anos, Hugo Motta é o presidente da CPI da Petrobras. Nas eleições de 2014, ele recebeu R$ 742.259,17 em doações.As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 380.000,00
Andrade Gutierrez
R$ 200.000,00
Queiroz Galvão
R$ 100.000,00
Odebrecht
R$ 80.000,00
O deputado Júlio Delgado ganhou R$ 1,7 milhão em doações de campanha no ano passado. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 21% deste montante.
O deputado Cacá Leão recebeu mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 14% deste montante.
O deputado Paulo Pereira da Silva recebeu mais de 2,8 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 8% deste total.
O deputado Onyx Lorenzoni recebeu pouco mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por quase 10% deste total.
O deputado João Carlos Bacelar recebeu pouco mais de 382 mil reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 27% deste total.
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 22.042,83
Odebrecht
R$ 9.600,00
OAS
R$ 9.587,42
UTC
R$ 2.855,41
O deputado Félix Mendonça Júnior recebeu R$ 1,2 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,8% deste total.
O deputado Afonso Florence recebeu R$ 549,3 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 2,9% deste total.
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 5.293,23
UTC
R$ 2.855,41
OAS
R$ 2.437,82
O deputado Paulo Magalhães recebeu R$ 398.2 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,3% deste total.
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 2.711,50
OAS
R$ 2.495,00
Andrade Gutierrez
R$ 216,50
O deputado Bruno Covas recebeu R$ 3,5 milhões em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
15/17(Larissa Ponce/Câmara dos Deputados/Reprodução)
Total doado por empresas investigadas na Lava Jato
R$ 2.343,75
Engevix
R$ 2.343,75
O deputado Arnaldo Faria de Sá recebeu R$ 1,9 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,12% deste total.