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Temer age para impor parlamentarismo sem plebiscito, diz oposição

Segundo PT, PSB, PDT e PCdoB, a manobra é um "golpe" que tem como objetivo impedir que o presidente a ser eleito em 2018 assuma de fato o governo

Michel Temer: ação questiona o Supremo sobre a possibilidade de o Congresso decidir a mudança do sistema político sem a necessidade de consulta popular (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Michel Temer: ação questiona o Supremo sobre a possibilidade de o Congresso decidir a mudança do sistema político sem a necessidade de consulta popular (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 10h08.

Última atualização em 21 de novembro de 2017 às 11h27.

São Paulo / Brasília - Partidos da oposição divulgaram ontem uma nota conjunta na qual apontam estímulo da gestão Michel Temer a uma ação no Supremo Tribunal Federal que pode abrir uma brecha para a adoção do parlamentarismo no País sem a necessidade de uma consulta popular.

Segundo PT, PSB, PDT e PCdoB, a manobra é um "golpe" que tem como objetivo impedir que o presidente a ser eleito em 2018 assuma de fato o governo.

"Trata-se de um movimento acintosamente estimulado pelo governo golpista para impedir que um presidente legitimamente eleito pelo povo assuma o governo com os plenos poderes previstos na Constituição, como foi decidido duas vezes em plebiscitos nacionais (1963 e 1993)", diz trecho da nota.

Na terça-feira passada, dia 14, o ministro do STF Alexandre Morais pediu a inclusão na pauta de julgamentos do Tribunal do mandado de segurança 22.972.

A ação questiona o Supremo sobre a possibilidade de o Congresso decidir a mudança do sistema político sem a necessidade de consulta popular.

O mandado de segurança de autoria do então deputado Jaques Wagner (PT-BA) foi proposto em 1997 quando partidos tentavam aprovar uma emenda à Constituição implantando o parlamentarismo depois que o regime foi rejeitado pela população no plebiscito de 1993.

Redistribuição

Nesses 20 anos, a ação teve como relatores os ministros Néri da Silveira, Ilmar Galvão, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Teori Zavascki (morto em janeiro) até ser redistribuída para Moraes em março deste ano. Entre 2003 e 2012 não houve nem sequer um andamento. Desde março de 2016, o mandado de segurança está pronto para ser julgado pelo plenário do Supremo.

Dois dias antes do pedido de inclusão do tema na pauta, o ministro Gilmar Mendes esteve com Temer no Palácio do Jaburu fora da agenda oficial. Segundo a assessoria de Gilmar, o encontro serviu para tratar de "reforma política e reformas institucionais".

Anteontem, Temer recebeu o ministro Dias Toffoli no Palácio da Alvorada. Segundo Toffoli, foi "só um bate-papo". O ministro é vice-presidente do STF e vai assumir a presidência no lugar da ministra Cármen Lúcia em setembro de 2018.

Dirigentes dos partidos de oposição afirmam também que o governo Temer procura há meses, sem sucesso, um candidato com chances reais de vitória para 2018 e que os líderes nas pesquisas são da oposição.

O documento é assinado pelos presidentes do PT, Gleisi Hoffmann; PSB, Carlos Siqueira; PDT, Carlos Lupi; e PCdoB, Luciana Santos.

"A repentina inclusão, na pauta do STF, de uma ação para definir se o Congresso tem poderes para adotar o sistema parlamentarista, sem consultar a população em plebiscito, é o primeiro passo de mais um golpe contra a democracia e a soberania popular no País", diz a nota.

Procuradas, as assessorias do Palácio do Planalto e do ministro Alexandre de Moraes não haviam respondido até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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