Deputado Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara: representação também pede abertura de inquérito para apurar possível prática de constituição de "milícia armada" e improbidade administrativa (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2016 às 21h54.
Brasília - A oposição protocolou nesta sexta, 1º, uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra a presidente Dilma Rousseff e o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, por suposta prática de incitação à violência como resistência ao pedido de impeachment em trâmite na Câmara dos Deputados.
Assinado pelo líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a representação também pede abertura de inquérito para apurar possível prática de constituição de "milícia armada" e improbidade administrativa.
Boulos, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, teria dito nesta semana, em evento no Palácio do Planalto, que haverá mobilização nas ruas "para resistir a esse golpe". "Isso (golpe) não funciona mais hoje. Não funcionará e é por isso que dizemos: vai ter luta, vai ter resistência. Não passarão com esse golpe de araque no Brasil", teria dito Boulos, de acordo com a petição protocolada por Imbassahy.
Na representação, Imbassahy diz que Dilma fez pronunciamentos "indecorosos e indignos do cargo que ocupa", ratificando o discurso de Boulos de que o atual processo de impeachment é um golpe.
"Ora, a Presidente da República não tem o direito de dizer que um procedimento de impeachment que já foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal, e considerado legítimo, é golpe. O procedimento de impeachment existe justamente para saber se houve ou não o crime de responsabilidade. Se a Presidente da República considera que não há crime de responsabilidade, cabe a ela defender-se nos autos desse processo. Esse é o direito que lhe assiste. Mas não lhe cabe provocar discursos inflamados, tentar jogar a população contra as instituições e tolerar ou amplificar promessas de resistência armada feitas nas barbas dos poderes constituídos brasileiros", diz a petição.
O líder da oposição na Câmara, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), anunciou nesta sexta também que vai pedir investigação contra Dilma, contra o coordenador nacional do MST, Alexandre Conceição, e o secretário de finanças e administração da Contag, Aristides Santos. Durante evento de regularização de propriedades rurais no Palácio do Planalto, eles teriam incitado a violência como resistência ao processo de impedimento da presidente.
Os discursos da petista e os eventos no Palácio do Planalto que terminaram em atos para defender seu mandato têm incomodado a oposição. "É inadmissível que o governo Dilma utilize a máquina pública para promover palanque de apoio e incitação à violência. O governo está agindo de forma irresponsável e deve responder por isso", justificou Haddad, em nota divulgada nesta tarde.
O tucano reclama que Dilma não coibiu os discursos provocadores, entre eles o de Aristides Santos, que teria dito: "a forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles nas bases e no campo. Porque se eles são capazes de incomodar o ministro do Supremo Tribunal Federal, nós vamos incomodar também as casas e as fazendas deles." Haddad também menciona crítica do coordenador do MST ao juiz Sérgio Moro, que teria sido chamado de "golpista".