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Oposição articula retomada em ofensiva na CPI mista

A ideia, dizem oposicionistas, é não deixar a sensação de que investigação terminará em "pizza", ou seja, sem apresentar resultados concretos


	CPI Mista: parlamentares do PSDB, PSB e PPS prometem vasculhar documentos que já chegaram à CPI
 (Pedro França/Agência Senado)

CPI Mista: parlamentares do PSDB, PSB e PPS prometem vasculhar documentos que já chegaram à CPI (Pedro França/Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 20h07.

Brasília - Depois do mal-estar causado pelo "acordão" entre governistas e oposicionistas para blindar as principais legendas na CPI mista da Petrobras, a oposição ensaia colocar em prática um plano para minimizar os prejuízos políticos causados pela divulgação do acerto.

A ideia, dizem, é não deixar a sensação de que investigação terminará em "pizza", ou seja, sem apresentar resultados concretos.

Apesar de todos os partidos negarem ter participado do entendimento, os oposicionistas começaram a articular uma retomada na ofensiva da comissão.

Na próxima semana, parlamentares do PSDB, PSB e PPS prometem vasculhar os documentos que já chegaram à CPI atrás de novas informações.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) diz que combinou esse esforço com os colegas Rubens Bueno (PPS-PR) e Izalci Lucas (PSDB-DF).

O mineiro explica que por causa da campanha ainda não havia sido possível dedicar mais atenção aos papéis.

O "acordão" irritou o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que divulgou uma nota para desautorizar o entendimento.

Aécio voltou ao Senado após ser derrotado nas eleições prometendo fazer uma oposição "vigorosa" contra o governo e cobrando explicações da presidente Dilma Rousseff sobre o escândalo na Petrobras.

O principal argumento da oposição para não tentar convocar os petistas citados nas delações, como o tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto, e a senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi o de que a comissão ainda não obteve o direito de acessar documentos importantes da Operação Lava Jato, como o depoimento das delações premiadas do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.

Na avaliação do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que foi o representante do PSDB na reunião que selou o acordo na quarta-feira passada, vai ser muito difícil conseguir avançar no caso sem ter acesso a esses documentos.

"A delação premiada não chegou ainda para nós. Eu vou ouvir a Gleisi e ela vai dizer que é mentira o que está publicado nos jornais. Ou seja, não vai adiantar nada", disse.

Ele argumenta, no entanto, que é "fato notório" que os partidos de oposição estão trabalhando para que a investigação continue, uma vez que já começaram a coletar assinaturas para abrir uma nova CPI no ano que vem e dar continuidade às apurações.

Na última quarta-feira, integrantes da CPI foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reiterar o pedido de acesso aos documentos da Operação Lava Jato.

O ministro Luís Roberto Barroso - que relata o mandado de segurança impetrado pelos parlamentares - sinalizou que a decisão sobre o caso deve ser tomada na próxima semana.

O relatório final da CPI mista terá de ser entregue até meados de dezembro.

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