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Operador de propinas da Odebrecht é procurado pela Interpol

Doleiro está na lista vermelha, alerta máximo da Polícia Internacional que limita os deslocamentos do alvo


	Bernardo Freiburghaus foi um dos alvos da fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way
 (Reprodução/Interpol)

Bernardo Freiburghaus foi um dos alvos da fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way (Reprodução/Interpol)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2015 às 18h56.

São Paulo e Curitiba - O nome do doleiro Bernardo Freiburghaus, investigado pela Operação Lava Jato, foi incluído na difusão vermelha da Interpol, a Polícia Internacional que mantém representação em 181 países.

A lista vermelha é o alerta máximo da Interpol e limita os deslocamentos do alvo. Se ingressar em território que integra a comunidade policial, ele pode ser imediatamente detido.

"O Bernardo, durante a Operação Lava Jato, para nós ficou bem caracterizado que ele deixou o País em função disso, cortou seus laços aqui, contas bancárias aqui, foi para a Suíça e se fixou na Suíça. Na sequência, comunicou à Receita Federal que seu domicílio passava a ser a Suíça", afirmou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula em entrevista na manhã desta sexta-feira, 19, após a deflagração da 14ª fase da Operação Lava Jato. Segundo ele, o doleiro é considerado foragido.

Freiburghaus foi um dos alvos da fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way, que mirou operadora de propinas, e deflagrada no dia 5 de fevereiro.

O doleiro foi um dos investigados que teve mandado de condução coercitiva decretado pela Justiça Federal. A Polícia Federal esteve nos endereços indicados nos mandatos, mas não encontrou o doleiro nem sua empresa.

"Em relação à empresa Odebrecht, o operador desde muito já é identificado, é o Bernardo Freiburghaus. Infelizmente, ele saiu do País e se encontra na Suíça. Não houve tempo hábil para que as investigações chegassem ao nome dele antes de ele sair do País", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima, da força-tarefa da Lava Jato, operação que investiga um esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobras.

"Nós temos profissionais no Brasil, hoje, de lavagem de dinheiro. Pessoas que oferecem esses serviços. Nós temos diversas empresas e essas empresas têm suas pessoas de confiança. Podemos dizer que Bernardo Freibughaus fazia esse trabalho para a Odebrecht. Assim como o Alberto Youssef fazia para a Camargo Corrêa. Ou o Fernando Baiano faz para a Andrade Gutierrez. Isso é uma questão pura e simples negocial, mesmo no mundo do crime, é uma questão pura e simples de negócio."

O doleiro é dono da empresa Diagonal Investimentos, com sede do Rio.

Na petição entregue à Polícia Federal no dia 13 de fevereiro e anexada aos autos da Lava Jato, a defesa do doleiro havia informado que ele morava em Genebra, na Suíça, e iria demonstrar "oportunamente que nenhuma ilegalidade praticou".

"O operador por ela (Odebrecht) contratado para o repasse da propina e lavagem de dinheiro, Bernardo Schiller Freiburghaus, destruía as provas das movimentações das contas no exterior tão logo efetuadas e, já no curso das investigações, deixou o Brasil, refugiando-se no exterior, com isso, prejudicando a investigação em relação as condutas que teria praticado para a Odebrecht", afirmou Moro, em decisão que decretou a prisão dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez e mais 10 executivos.

No fim de fevereiro deste ano, Freibughaus estava vivendo em um dos endereços de maior prestígio de Genebra, perto dos bancos J. Safra, HSBC, Citibank ou Credit Suisse e às margens do Rio Ródano.

Segundo a imobiliária Grange, que se ocupa do apartamento do operador, o endereço estava avaliado em 3,5 milhões de francos, cerca de R$ 10,6 milhões.

O endereço de Genebra aparece em carta assinada por sua advogada, Fernanda Silva Telles, endereçada à Polícia Federal do Paraná. No documento, Freiburghaus se apresenta como "suíço", "economista" e "residente e domiciliado" no país europeu.

Defesa

A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) confirmou a operação da Polícia Federal em seu escritório em São Paulo e no Rio de Janeiro, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão.

"Como é de conhecimento público, a CNO entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações".

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