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Operador de Cabral, Carlos Miranda delata ex-governador

Carlos Miranda confirmou que empresas contratadas pelo Estado pagavam 5% por contrato à organização criminosa do peemedebista

Cabral: o operador também explicou o papel de cada um dos integrantes do esquema (Daniel Munoz/Reuters)

Cabral: o operador também explicou o papel de cada um dos integrantes do esquema (Daniel Munoz/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 17h10.

Rio  - Interrogado nesta quinta-feira, 7, na 7ª Vara Federal Criminal como delator, o principal operador do suposto esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), Carlos Miranda, confirmou que empresas contratadas pelo Estado pagavam 5% por contrato à organização criminosa do peemedebista.

Ele também confirmou a afirmação do empresário Fernando Cavendish, da Delta Construções, de que abateu o valor de um anel comprado para a ex-primeira dama do Estado, Adriana Ancelmo - cerca de R$ 800 mil - de propina repassada a Cabral.

"Fernando Cavendish me informou que tinha esse gasto para ser descontado desta propina e eu fiz a contabilidade desse valor", disse o novo delator ao juiz Marcelo Bretas. Miranda fechou delação com o Ministério Público Federal (MPF), homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada pela defesa do próprio delator durante o depoimento.

O operador também explicou o papel de cada um dos integrantes do esquema. Ele disse que Luiz Bezerra atuava como seu funcionário e passou a fazer o recolhimento de dinheiro vivo, de acordo com as suas ordens, depois que o seu nome apareceu na operação Castelo de Areia, em 2010. A orientação teria partido do próprio Cabral.

"Bezerra trabalhava para mim, recolhia o dinheiro vivo e fazia os pagamentos que eu determinava que ele fizesse. Em 2010, com a operação Castelo de Areia, saiu meu nome e, por orientação do Sérgio, ele me pediu para que eu evitasse ir até as empresas para trazer o dinheiro. Foi quando o Bezerra começou a trabalhar comigo, fazendo esse trabalho", disse.

Miranda acrescentou que a pessoa referida como "Cabra Macho" na tabela de contabilidade das propinas era Sérgio Cabral. Além disso, que empresas também fizeram contribuições visando interesses em alguma legislação estadual.

O operador também afirmou que o então secretário da Casa Civil de Cabral, Regis Fichtner, recebia propinas em parcelas de R$ 50 e R$ 150 mil.

Miranda tem laços fortes com o ex-governador. Ele já foi assessor parlamentar de Cabral, sócio em uma empresa ligada à sua família e casou-se com uma prima em primeiro grau do ex-governador.

Segundo apontou o MPF, depoimentos apontaram Miranda como a pessoa a quem Sérgio Cabral confiou a coleta e transporte dos valores de propina exigidos das empreiteiras.

A reportagem ainda não conseguiu ouvir as defesas de Cabral e Régis Fichtner.

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