Operação Lava Jato deve se tornará o escândalo de proporções maiores do que o do mensalão (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2014 às 08h42.
São Paulo - A Polícia Federal prepara nova etapa de buscas da Operação Lava Jato para provar aquilo que revelou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e que começou a revelar o doleiro Alberto Youssef em suas delações premiadas.
As confissões e informações prestadas marcarão uma nova fase de combate aos crimes de colarinho branco no Brasil, afirmam juristas, delegados, procuradores e magistrados ouvidos pela reportagem.
A confirmação de nomes e esquemas citados - uma exigência da lei para que a delação seja validada, dando benefício ao réu - transformará a Lava Jato num escândalo de proporções maiores do que o do mensalão, atingindo não só políticos de partidos aliados, como membros do próprio governo e empresários de grandes construtoras envolvidos na lavanderia montada pelo doleiro sob suspeita de movimentar cerca de R$ 10 bilhões entre 2009 e 2014.
O instrumento jurídico não é novo. É um benefício previsto no processo criminal brasileiro desde 1990 que estipula que o réu traga novas informações ao processo ou ao inquérito sobre cúmplices e o esquema, em troca de redução de pena.
"A colaboração premiada é um método de investigação moderno e especialmente valioso para elucidar crimes complexos, nos quais, por vezes, somente quem tem conhecimento dos detalhes da atividade criminal são os próprios agentes", afirma o juiz federal Sérgio Fernando Moro, que conduz as ações da Lava Jato.
As delações que Moro homologa seguem o modelo de um contrato, minuciosamente elaborado com cláusulas. Moro alerta que "as informações prestadas pelo colaborador ficam sempre sujeitas à verificação e à corroboração".
Para o juiz Nelson Bernardes, da 2.ª Vara de Campinas (SP), "a delação vai ser utilizada cada vez mais".