Brasil

Operação Draga investiga fraude em licitação no Porto de Itaqui

Agentes da PF cumprem mandatos de busca e apreensão em São Luís

Batimetria: segundo declarações do de Fotogeo empresa não realizou estudo da área (Divulgação/Divulgação)

Batimetria: segundo declarações do de Fotogeo empresa não realizou estudo da área (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de julho de 2017 às 14h05.

A PF vasculhou, em São José dos Campos, a empresa Fotogeo e as residências de seus sócios. No Rio, o alvo é a empresa Jan de Nul. Segundo a Polícia Federal, a obra de dragagem de aprofundamento do P-100 ao P-104 do Porto de Itaqui foi executada pela Empresa Jan de Nul de 18 de dezembro de 2014 a 13 de março de 2015, com o custo total de R$ 62.127.990,92. A fiscalização ficou a cargo da Empresa Fotogeo, com o custo de R$ 1.528.658,36.

"A investigação teve início com as declarações de um ex-funcionário da EMAP, empresa estadual que administra o Porto de Itaqui em São Luís. O ex-funcionário declarou que apesar de ocupar a função de Gerente de Projetos, cargo no qual deveria acompanhar a execução da obra, o andamento da obra foi deliberadamente omitido do ex-funcionário, com o possível objetivo de ocultar fraudes", afirmou a PF em nota.

"A responsabilidade pela execução dos contratos (execução da obra e fiscalização) coube ao coordenador de projetos, enquanto que o gestor do contrato foi o Diretor de Engenharia da EMAP. A fiscalização da execução da obra de dragagem se deu através do processo de batimetria, que consiste na medição das profundidades dos mares e lagos por meio de referenciação por ultrassons."

A PF afirma que "sem o processo de batimetria não é possível fiscalizar adequadamente a execução da obra, já que a análise envolve a topografia antes, durante e após a execução". A realização do processo de batimetria apenas após a execução, diz a investigação, não permite verificar quantos metros cúbicos de sedimentos foram efetivamente dragados.

Segundo declarações do ex-funcionário e indícios colhidos durante a investigação, a Fotogeo não estava realizando a batimetria, mas apenas copiando os dados fornecidos pela própria empresa responsável pela execução da obra, Jan de Nul, e esses fatos eram de conhecimento do coordenador de projetos e diretor de engenharia.

"A lancha, por exemplo, supostamente utilizada pela empresa Fotogeo para realizar a batimetria estava alocada para a Empresa Jan de Nul. Há também indícios de fraudes na obra de dragagem em si, como a ausência de fiscalização (batimetria) pela Empresa Fotogeo, a aparente manipulação na sindicância instaurada para apurar os fatos referentes à fiscalização e o sobrepreço dos custos de mobilização/desmobilização e da obra de dragagem em si", afirma a PF.

O custo de mobilização/desmobilização da obra foi de R$ 32 milhões, enquanto que o custo da obra em si foi de R$ 28 milhões, ou seja, o custo da mobilização/desmobilização foi superior ao da própria obra.

A PF afirmou que há "indícios de sobrepreço do material dragado em comparação com obras similares".

Defesas

A EMAP - Empresa Maranhense de Administração Portuária - informa que na manhã desta quarta-feira, 12 de julho de 2017, houve o cumprimento de um Mandado de Busca e Apreensão, referente ao processo de dragagem realizado pela empresa Jan De Nul do Brasil e serviço de batimetria realizado pela empresa Fotogeo, ambos licitados em 2014, ainda na gestão passada, e executados no começo de 2015.

A decisão judicial refere-se a fatos que remontam ao ano de 2009, ainda em debate administrativo no âmbito do Governo Federal.

Os serviços foram concluídos e a batimetria foi homologada pela Marinha do Brasil. A EMAP colabora com toda e qualquer investigação, reafirmando o compromisso da atual gestão com a transparência e probidade.

A FOTOGEO afirma que "os serviços previstos no processo licitatório da EMAP, foram executados e concluídos, conforme especificações técnicas exigidas, em atendimento as necessidades previstas em projeto. Afirmamos também que a batimetria foi encaminhada para a Marinha do Brasil, a qual homologou o serviço executado. A FOTOGEO também reitera que colabora com toda e qualquer informação para que a operação 'Draga', possa esclarecer todos os questionamentos a respeito das atividades executadas, desta nossa contratação após processo licitatório até a conclusão dos serviços".

Acompanhe tudo sobre:LicitaçõesMaranhãoPolícia FederalPortosSão Luís (MA)

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar