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Operação apreende facas e celulares em presídio de Manaus

Segundo o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, ainda é um desafio impedir a entrada dos objetos no presídio

Compaj: os detentos tentaram reagir durante a revista, mas foram contidos pelos militares (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Compaj: os detentos tentaram reagir durante a revista, mas foram contidos pelos militares (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 7 de março de 2017 às 09h48.

Última atualização em 7 de março de 2017 às 09h49.

Uma operação de revista realizada hoje (6) no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, apreendeu dois rádios transmissores, 27 aparelhos celulares, 45 barras de ferro, 46 facas, 11 facões e 21 estoques, que são facas feitas de forma artesanal.

A varredura foi feita por órgãos de segurança do estado e militares das Forças Armadas. Segundo o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, ainda é um desafio impedir a entrada desses objetos no presídio.

"Nós estamos anunciando aqui que nós estamos pegando (os objetos). A população pode ficar tranquila que nós estamos pegando. Mas como entra? Se eu soubesse como entra, não entrava mais porque a gente teria evitado. Certamente é a corrupção, certamente as famílias dos presos. Nós ainda não temos todos os instrumentos necessários para fazer com que isso cesse. Nós estamos num dilema diário. Não podemos fazer revista pessoal porque é intimidatória e a pessoa se aproveita disso pra colocar para dentro o que deve e o que não deve", disse Fontes.

O secretário alegou ainda que faltam equipamentos que reforcem a revista para entrada de pessoas nas penitenciárias.

"Nó precisamos ainda de todos os equipamentos necessários para fazer com que a tecnologia nos permita, cumprindo as normas nacionais e internacionais e de direitos humanos, evitar que entrem. Enquanto não temos esses equipamentos, nós fazemos buscas constantes, sozinhos e com o apoio do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, como agora", acrescentou o secretário.

De acordo com Sérgio Fontes, os detentos do Compaj tentaram reagir durante a revista, mas foram contidos pelos militares que chegaram a usar balas de borracha. Mais de 30 presos ficaram feridos sem gravidade.

"Infelizmente nós tivemos um incidente desse tipo. Os presos, apesar de estar ali uma grande quantidade de policiais, demonstraram a intenção de reagir, de não obedecer às ordens. Inclusive, nas filmagens eles mandam os outros levantarem, numa nítida ação de enfrentamento às forças de segurança. Foi necessária a utilização de força proporcional, alguns se machucaram, mas ninguém morreu. Isso vai ser investigado, quem causou e quem desobedeceu vai ser responsabilizado e, eventualmente, se houve algum excesso, também vai haver responsabilização", ressaltou Fontes.

A revista recebeu o nome de Operação Chaw'pã II, que significa "limpeza" na língua indígena do povo hupda do Alto Rio Negro. A ação foi realizada nos quatro pavilhões do Compaj que abrigam 1.031 internos.

O Exército disponibilizou 580 militares e utilizou equipamentos de alta tecnologia na inspeção.

"Nós empregamos uma parte com detecção com animais de faro para explosivos e para drogas e também detectores eletrônicos para identificação de diversos materiais. A gente recebeu uma determinação da Presidência da República para que fossem feitos esforços conjuntos com os órgãos de segurança no sentido de realizar essas vistorias, as detecções desses itens, a identificação, localização e coleta desses itens para posterior investigação da Polícia Civil", explicou o tenente-coronel Sérgio Oliveira, do Comando Militar da Amazônia (CMA).

Rebelião

Em 1º de janeiro deste ano, uma rebelião na unidade penitenciária resultou na fuga de 225 internos e na morte de 56. Até o momento, 113 foram recapturados e 112 continuam foragidos.

Passados mais de dois meses do massacre, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, diz que o sistema prisional em Manaus está controlado.

"Essas ações, principalmente conjuntas com os órgãos federais e as Forças Armadas, contribuíram para esses bons resultados. Nós consideramos que o sistema prisional, não é que ele esteja pacificado, mas ele está em constante observação e sob controle. Se alguém duvida da eficácia desse tipo de ação, é só olhar essa lista de itens apreendidos. Todos esses materiais foram encontrados com aquela mesma população carcerária que fez a rebelião e cometeu todos aqueles assassinatos no início de janeiro, o que demonstra que as operações devem continuar focadas no sistema prisional, porque é de lá que vem as ordens para os criminosos atuarem aqui fora, já que as lideranças estão presas", destacou Fontes.

Cadeia Pública

A Operação Chaw'pã I foi realizada no dia 31 de janeiro na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal, que fica no centro de Manaus, também com a participação de militares das Forças Armadas.

Na ocasião foram apreendidos 23 celulares, 42 objetos perfurantes e cortantes, como estoque e facas, um simulacro de arma de fogo, substâncias entorpecentes, entre outros objetos proibidos.

O presídio foi reativado para receber mais de 280 detentos do Compaj que se sentiam ameaçados após a rebelião no local. Também houve um confronto entre internos na Cadeia Pública no dia 8 de janeiro, matando mais quatro pessoas.

Atualmente, o presídio abriga 200 detentos. O secretário de Estado de Administração Penitenciária, tenente-coronel Cleitmam Rabelo, reafirmou que o local será desativado definitivamente até 15 de maio, conforme acordo com a Justiça do Amazonas e o Ministério Público do Estado.

"Nós já estamos trabalhando para isso fazendo uma triagem, um filtro bem responsável para transferir os presos sem que a gente precise entrar em convulsão com outras cadeias. Por isso, nós já estamos fazendo movimentações já a partir desse mês março de presos para outras unidades que possam recebê-los. Para que quando chegar maio, a gente tenha uma população menor e a gente possa transferí-los para o presídio que está em construção", explicou o secretário da Seap.

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