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Operação prende um policial e integrantes do PCC em SP

O policial tinha acesso a informações privilegiadas e avisava os traficantes sobre as operações que seriam realizadas pela polícia

PM: a operação estava prevista para sexta-feira, mas foi antecipada porque houve vazamento (Wikimedia Commons/Divulgação)

PM: a operação estava prevista para sexta-feira, mas foi antecipada porque houve vazamento (Wikimedia Commons/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 21h24.

Sorocaba - Uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo e polícias Civil e Militar prendeu nesta quarta-feira, 19, dez suspeitos de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A operação, altamente sigilosa, estava prevista para sexta-feira, 21, mas foi antecipada porque houve vazamento. Entre os presos está um policial civil do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) acusado de envolvimento no caso das três toneladas de maconha apreendidas em agosto em um caminhão do Exército.

Ele mantinha uma organização paralela de parceria com o PCC para fornecimento de drogas e armas. Dois suspeitos foram mortos após reagir à prisão em Paulínia.

A Operação Tormenta foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP em Campinas, em conjunto com o Batalhão da PM na cidade do interior e a Corregedoria da Polícia Civil.

Foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão em cidades da região de Campinas, em São Bernardo do Campo e Embu das Artes, na Grande São Paulo, e na capital. Mais dois mandados de prisão ainda serão cumpridos. Um investigado já tinha sido preso na terça-feira, 18, totalizando 11 prisões na operação.

O policial do Denarc, Bruno Luiz Soares Figueiredo, foi preso no bairro Campo Belo, zona sul da capital, junto com a mulher, Vanilda Cândido, também suspeita de integrar o esquema.

De acordo com o promotor do Gaeco José Claudio Baglio, o suspeito estava com o passaporte e dinheiro, o que indicaria que ele foi avisado da operação e se preparava para uma fuga ao exterior com a mulher. O gabinete do policial no Denarc foi vasculhado pelos promotores.

Outros dois integrantes do bando do policial foram presos em São Bernardo do Campo. Conforme Baglio, a investigação indica que Figueiredo chefiava a organização que trabalhava em sintonia com o PCC, repassando as drogas apreendidas pela polícia.

O policial tinha acesso a informações privilegiadas e avisava os traficantes sobre as operações que seriam realizadas pela polícia.

"O policial civil foi responsável pelo vazamento das operações que o Denarc estava fazendo na Cracolândia. Também tinha pessoal dele no Cine Marrocos." Na operação realizada em agosto no Cine Marrocos, na capital, 32 pessoas foram presas com armas e drogas.

De acordo com o promotor, Figueiredo também se relacionava com um integrante do PCC que era "proprietário" de metade das três toneladas de maconha encontradas num caminhão do Exército, também em agosto, em Campinas.

Na ocasião, três militares lotados em Campo Grande (MS) foram presos. As mortes de dois suspeitos aconteceram no Jardim Amélia, em Paulínia, após resistirem à prisão e trocarem tiros com a polícia. Uma unidade de saúde do bairro ficou fechada de manhã por segurança. Os policiais apreenderam computadores, celulares e veículos.

Em Campinas, foi preso um homem suspeito de ser o 'disciplina' do PCC, uma espécie de "corregedor", incumbido de cobrar o cumprimento de ações criminosas determinadas pela cúpula.

"Todos os presos na operação têm papel proeminente na facção, mas este ocupava um posto de comando, era ele quem resolvia as pendências internas, com base nas diretrizes do PCC. Foi um duro golpe na facção", disse.

Risco

De acordo com Baglio, o vazamento que pôs em risco a operação aconteceu após uma reunião com a equipe da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) da PM de São Paulo e está sendo investigado.

"Houve essa reunião e logo depois um dos alvos que eram monitorados com autorização da Justiça falou sobre a operação, referindo-se a alguém que trabalhava na Rota."

Segundo ele, o vazamento quase pôs a perder um trabalho de quatro meses. "Tivemos de arregimentar gente às pressas para visitar os 33 lugares que seriam alvo de buscas. Agilizamos isso em menos de oito horas."

Sobre a prisão do policial, a Secretaria da Segurança Pública informou que um procedimento disciplinar administrativo foi aberto para apurar a conduta do servidor e pode resultar na expulsão do policial. O eventual envolvimento de policiais no vazamento da operação também será apurado.

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