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Onze pacientes morrem esperando UTI em Taboão, diz prefeitura; governo de SP nega

As vítimas tinham entre 46 e 95 anos e aguardavam por transferência pela Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde, do governo do estado, que nega ter recusado atendimento

 (Amanda Perobelli/Reuters)

(Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de março de 2021 às 15h33.

Última atualização em 9 de março de 2021 às 15h40.

Onze pacientes com covid-19 morreram à espera de um leito de UTI em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, de acordo com informações divulgadas pela prefeitura do município. As vítimas tinham entre 46 e 95 anos e aguardavam por transferência pela Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), do governo do estado, que nega ter recusado atendimento.

Segundo o município, nenhum dos pedidos de transferência para UTI foi aceito pelo estado entre a quarta-feira passada, 3, e esta segunda-feira, 8. O retorno teria ocorrido apenas na manhã desta terça-feira, 9, com a liberação de quatro vagas, embora ainda haja outros 12 pacientes na fila de espera por leito de terapia intensiva.

"Nos últimos dias, Taboão da Serra chegou a ter 16 pacientes aguardando por leito de UTI em vagas reguladas pelo estado", diz nota divulgada pela prefeitura. O município aponta não dispor de leitos de terapia intensiva e que as vagas de enfermaria para covid-19 serão ampliadas de 40 para 70 leitos nesta semana.

Os primeiros quatro óbitos de pacientes na fila de espera ocorreram na sexta-feira, 5, vitimando duas idosas, de 76 e 73 anos, um idoso de 75 anos e um homem de 58 anos. No dia seguinte morreram duas idosas de 74 e 95 anos e um homem de 46 anos, seguidos de um homem de 52 anos no domingo. Por fim, na segunda-feira, morreram outros dois idosos, de 62 e 75 anos, e uma idosa de 71 anos.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde diz que a Cross não negou vagas a Taboão da Serra e que atendeu a 14 solicitações envolvendo pacientes (suspeitos ou confirmados) com covid-19 desde quarta-feira, 3. Ela alega ter sido notificada de oito mortes relacionadas à doença entre 28 de fevereiro e a última segunda, de pacientes entre 53 e 82 anos, todos do grupo de risco (por idade ou comorbidades), com pedidos "registrados, em média, 24 horas antes do óbito".

"Nessas situações, o falecimento ocorreu não por ausência de medidas pelo estado, mas pela gravidade clínica dos pacientes. Outros dez pedidos registrados no período ficaram sem atualização por parte do município em período superior a 48 horas, o que inviabiliza o trabalho dos médicos da Cross", acrescenta a nota, que ainda aponta que o papel da central não seria de criar leitos, mas de auxiliar na identificação de vagas. "Vale lembrar que o estado atua de forma regionalizada e a criação de leitos não é prerrogativa desta única esfera, cabendo também ao município e ao governo federal."

A secretaria também apontou que Taboão da Serra tem dois hospitais estaduais de referência para covid-19 em municípios vizinhos. Ambos estão com alta demanda de pacientes, mas aparecem com vagas de terapia intensiva na última atualização do Sistema de Monitoramento Inteligente do Estado, datada de segunda-feira. Na plataforma, o Hospital Regional de Cotia está com 41 pacientes em enfermaria (para 36 leitos) e 17 na UTI (para 30), enquanto o Hospital Geral de Itapecerica da Serra está com 32 pessoas na enfermaria (para dez vagas) e 24 na UTI (para 31).

Além disso, ainda de acordo com o sistema de monitoramento, Taboão estava com 13 pacientes de covid-19 em leitos de UTI públicos até a última atualização, divididos entre o Hospital Geral de Pirajussara (três) e o Hospital de Campanha Covid-1 UPA Akira (dez) — outros 35 estão internados em leitos de enfermaria.

São Paulo está com 80,9% de ocupação de UTI para covid-19, média que é de 81,9% na Grande São Paulo. Segundo o boletim estadual, Taboão da Serra tem 12.552 casos e 422 óbitos confirmados pela doença.

Sumaré

Outro caso semelhante foi denunciado por familiares de Antonio Carlos Golin, de 52 anos, que morreu no fim de semana em Sumaré, na região de Campinas, à espera de leito de UTI. Ele estava em quadro clínico grave há dias.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o paciente estava "com evolução negativa" e "não respondeu aos cuidados no serviço de origem". "Importante reiterar que é responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente à transferência, bem como providenciar transporte adequado para deslocamento seguro da/o paciente."

A reportagem procurou a prefeitura de Sumaré, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O município está com 16 pacientes na UTI e 25 em enfermaria por covid-19 no Hospital Estadual Sumaré e na UPA Macarenko na última atualização do sistema de monitoramento de leitos. Sumaré tem 12.033 casos e 307 óbitos confirmados pela doença.

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