Brasil

ONU pede investigação de operação no Jacarezinho que deixou 25 mortos

Porta-voz da ONU afirmou que a operação mais letal na história do Rio de Janeiro teve uso "desproporcional e desnecessário" da força pela polícia

Operação no Jacarezinho: 25 pessoas morreram, incluindo um policial (MAURO PIMENTEL)

Operação no Jacarezinho: 25 pessoas morreram, incluindo um policial (MAURO PIMENTEL)

A

AFP

Publicado em 7 de maio de 2021 às 08h13.

Última atualização em 7 de maio de 2021 às 08h19.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos disse, nesta sexta-feira (7), estar "profundamente preocupado", após a sangrenta operação contra o tráfico de drogas da polícia em uma favela do Rio de Janeiro e pediu à Justiça brasileira uma "investigação independente e imparcial".

Pelo menos 25 pessoas, entre elas um policial, morreram na operação, realizada na quinta-feira (6) na favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade - a mais sangrenta da história do Rio de Janeiro, segundo a polícia.

"Recebemos relatos preocupantes, segundo os quais, depois do ocorrido, a polícia não tomou as medidas necessárias para preservar as provas na cena do crime, o que pode dificultar a investigação", afirmou o porta-voz da instituição da ONU, Rupert Colville.

"Pedimos ao Ministério Público que conduza uma investigação independente e imparcial sobre o assunto, seguindo as normas internacionais", acrescentou, em entrevista coletiva em Genebra.

A operação policial teve como alvo um grupo que recrutava crianças e adolescentes para o tráfico de drogas, roubos, sequestros e assassinatos. A favela é a base do Comando Vermelho, principal quadrilha de tráfico da cidade.

Ontem, a comunidade foi transformada em um verdadeiro campo de batalha, com intensos tiroteios e helicópteros sobrevoando as casas.

O Alto Comissariado denunciou o uso desproporcional da força policial nas favelas brasileiras, uma tendência que, frisou Colville, já vem de muito tempo.

"Além disso, pedimos um debate amplo e inclusivo no Brasil sobre o modelo de manutenção da ordem aplicado nas favelas", completou o porta-voz.

A operação foi realizada, apesar de uma decisão do STF proibindo a polícia de realizar este tipo de batida em favelas brasileiras durante a pandemia do coronavírus - salvo em circunstâncias "absolutamente excepcionais".

"Lembramos às autoridades brasileiras que se deve recorrer à força apenas em casos estritamente necessários e que devem sempre respeitar os princípios de legalidade, precaução, necessidade e proporcionalidade da força letal", insistiu.

"Pedimos à promotoria que conduza uma investigação independente e ampla sobre o caso, de acordo com os padrões internacionais", disse Colville.

"A força deve ser usada somente como último recurso e a polícia não tomou medidas para preservar as evidências na cena do crime", acrescentou ele.

Acompanhe tudo sobre:FavelasMortesONUPolícia MilitarRio de Janeiro

Mais de Brasil

TCU aprova acordo para manter concessão da Fernão Dias

Ministros do STF se reúnem para tentar acordo sobre responsabilização de redes sociais

Previsão do tempo: temperatura em São Paulo pode alcançar 25°C nesta quinta-feira após onda de frio

Prefeitura de Niterói assume traslado de brasileira morta na Indonésia