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ONU condena morte de cinegrafista no Rio de Janeiro

Representante para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou preocupação com violência em manifestações no país


	Santiago Ilídio Andrade no momento em que é atingido por rojão: Santiago foi ferido quando fazia cobertura de protesto no Rio de Janeiro e ontem teve morte cerebral
 (Agência O Globo/AFP)

Santiago Ilídio Andrade no momento em que é atingido por rojão: Santiago foi ferido quando fazia cobertura de protesto no Rio de Janeiro e ontem teve morte cerebral (Agência O Globo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 19h12.

A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou hoje (11) a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade.

Em comunicado, no site da ONU, o representante para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Amerigo Incalcaterra, manifestou preocupação com a violência nas manifestações no Brasil.

Incalcaterra ofereceu às autoridades brasileiras a assessoria técnica e a experiência internacional do Alto Comissariado em matéria de direitos humanos.

Santiago Andrade foi ferido, na cabeça, por um rojão quando fazia a cobertura de um protesto no Rio de Janeiro na semana passada e, ontem (10), teve morte cerebral.

Incalcaterra solidarizou-se com os parentes do cinegrafista e mostrou preocupação pelas "alegações de uso excessivo da força e de detenções arbitrárias de manifestantes e jornalistas por parte das forças policiais" durante as manifestações que têm ocorrido no país.

Ele disse também que “os protestos pacíficos e a liberdade para informar sobre o desenvolvimento deles são um aspecto fundamental de uma democracia dinâmica e uma ferramenta indispensável para fortalecer os direitos humanos”.

Porém, pediu que as pessoas se manifestam sem atos violentos. “A violência, de maneira alguma, é o meio para reivindicar direitos”.

O representante lembrou que o Estado brasileiro tem o dever de assegurar que as forças policiais e de ordem respeitem a todo momento e circunstância os princípios de necessidade e proporcionalidade no uso da força, conforme os tratados e padrões internacionais de direitos humanos.


Incalcaterra solicitou às autoridades brasileiras que “garantam o exercício do direito às liberdades de expressão e reunião pacífica, além de prevenir e investigar de forma imediata, independente, imparcial e efetiva qualquer uso excessivo da força”.

Citando os grandes eventos, o representante disse que embora o Estado brasileiro tenha a responsabilidade de garantir a segurança pública por meio de um marco legislativo adequado – ainda em eventos como a Copa do Mundo –, “isso não deve impedir nem dissuadir o exercício legítimo do direito a se manifestar e protestar”.

O carioca Santiago Andrade era casado há 30 anos com Arlita Andrade. Ele deixou uma filha e três enteados. Profissional há cerca de 20 anos, ele trabalhava na Rede Bandeirantes de Televisão há quase dez anos.

O cinegrafista ganhou dois prêmios de jornalismo (Prêmio Mobilidade Urbana), nos anos de 2010 e 2012, por matérias sobre a dificuldade de transporte. Destacou-se na cobertura das chuvas na região serrana do Rio, em janeiro de 2011, e em Xerém, em janeiro do ano passado.

A polícia já identificou os dois manifestantes envolvidos no disparo do artefato explosivo. Um deles é o tatuador Fábio Raposo, que após se entregar à polícia, confessou ter repassado o explosivo ao suspeito de acender e lançar o rojão. Este foi identificado pela polícia como sendo Caio Silva de Souza e ainda está sendo procurado.

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