Ônibus: a paralisação, que envolveu cerca de 500 funcionários, terminou após acordo com a empresa (Fernando Moraes/VEJA SÃO PAULO)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 11h47.
São Paulo - Mais de 200 ônibus que ficaram sem operar na zona norte da capital voltaram à circulação em suas 28 linhas no final desta manhã.
Motoristas e cobradores da Viação Sambaíba fizeram diversas reivindicações, como a suspensão do uso de câmaras de vigilância para punir funcionários, o pagamento das horas em que os colaboradores ficam à disposição da empresa e também uma solução para o problema das caronas na periferia, o que teria motivado o incêndio de dois ônibus da Sambaíba ontem (10).
A paralisação, que envolveu cerca de 500 funcionários, terminou após acordo com a empresa.
Segundo Fabiano Nicoleti, representante do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), a direção da Sambaíba já atendeu a uma das reivindicações: a eliminação de medidas punitivas impostas a partir do uso de câmeras de vigilância.
Segundo Fabiano, as câmeras instaladas para garantir a segurança dos usuários estavam sendo usadas, na verdade, como medida de punição pela empresa.
Ele cita situações em que os usuários pagam a tarifa normalmente e giram a catraca, mas desembarcam pela porta dianteira, já que não conseguem andar pelo ônibus lotado e chegar até a porta traseira para descer.
Nesses casos, disse ele, a empresa desconta dos salários dos cobradores como se as tarifas não tivessem sido pagas.
“Vamos supor que descem 100 pessoas pela frente, numa linha pesada como o Jardim Peri. Chega no fim do dia, você tem que pagar 100 tarifas? A gente está pagando para trabalhar assim. Se eles querem dessa forma, que coloquem mais ônibus na rua para o usuário conseguir desembarcar pela porta traseira”, reclamou Fabiano.
O representante do Sindmotoristas informou que a Sambaíba suspendeu todas as medidas disciplinares referentes à câmera, como o pagamento dessas tarifas. Outras reivindicações, porém, ficaram para ser negociadas nesta tarde.
Uma delas é a questão das caronas. “Eles querem, do dia para a noite, acabar com as caronas, que existem desde o início do sistema em linha de periferia”. Ele disse que motoristas têm medo de negar carona em determinados lugares mais perigosos.
Fabiano atribui, inclusive, o incêndio a dois ônibus da Viação Sambaíba, que ocorreu ontem nas linhas Cachoeirinha - Terminal Pinheiros e Jardim Vista Alegre, ao problema das caronas.
“Isso revoltou a população. O povo foi lá e jogou álcool no motorista”, relatou.
Outro ponto destacado por Fabiano é o não pagamento pelo tempo em que o funcionário fica à disposição da empresa.
Fabiano explica que, quando motorista e cobrador retornam à garagem por motivos como um defeito no ônibus, suas fichas são fechadas e eles param de receber.
Durante esse período em que permanecem dentro da empresa esperando que o conserto termine, eles ficam sem salário, disse Fabiano.