Brasil

ONG provoca jovens empresários a conhecer os problemas das favelas

Gerando Falcões vai formar turma com onze jovens e herdeiros de famílias, como Setubal e Baumgart, para uma imersão nos problemas mais urgentes do país

Favelas no Brasil: racismo estrutural e desigualdade são realidade para os moradores das mais de 7.000 favelas do país (BSIP/UIG/Getty Images)

Favelas no Brasil: racismo estrutural e desigualdade são realidade para os moradores das mais de 7.000 favelas do país (BSIP/UIG/Getty Images)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 5 de julho de 2020 às 08h40.

Última atualização em 5 de julho de 2020 às 11h29.

Há quase uma década, a ONG Gerando Falcões, do empreendedor social Edu Lyra, vem se dedicando para transformar a realidade das favelas brasileiras. A organização é financiada por investidores milionários do país, entre eles Jorge Paulo Lemman, Daniel Castanho, do grupo Ânima, e Elie Horn, da Cyrela.

Em todos esses anos, a atuação sempre teve como foco o treinamento de líderes sociais de diversas periferias, com técnicas de gestão inspiradas em mecanismos de administração de empresas. Neste ano, no entanto, a Falcons University — braço educacional da ONG — decidiu inverter a lógica e levar os empresários para dentro das favelas.

A iniciativa, antecipada com exclusividade à EXAME, vai fazer uma imersão com onze jovens empresários ou de tradicionais famílias empresariais no Brasil sobre os problemas mais urgentes da desigualdade do país.

Por seis meses, esses participantes terão contato com favelas, presídios, que perpassam por questões envolvendo o racismo estrutural da sociedade brasileira. O programa de chamará Hawks.

Um desses participantes será o empresário Bruno Setubal, herdeiro do banco Itaú. "O núcleo duro dos investidores sempre estará presente, mas precisamos acompanhar essa transformação pelos próximos vinte, trinta anos e isso vai ser responsabilidade nossa", afirma Setubal. 

Essa é a mesma expectativa de Edu Lyra, que considera o engajamento a longo prazo um dos pilares mais importantes para uma mudança efetiva. "A minha expectativa é que esses jovens caminhem com a Gerando Falcões nas próximas décadas. Não vai ser um dia ou uma única doação que vai resolver os problemas", diz Edu Lyra. 

Otto Baumgart, empresário e herdeiro do grupo Center Norte e da Vedacit, também fará parte do laboratório. Ele, que já tem uma trajetória de filantropia, diz que ninguém consegue mudar o mundo do sofá de casa. "A visitação in loco vai nos incentivar a ter mais participação na construção de políticas públicas. É preciso conhecer a realidade dessas famílias que vivem em casas impróprias, sem saneamento básico", afirma.

Já estão confirmadas também a participação de Sophia Mattar, da família dona da Localiza, e Rafael Hawilla, filho do empresário Hawilla, que foi dono da Rede Bom Dia.

Além da imersão para os jovens empresários, a Falcons University, dirigida pelo Lemaestro, cofundador da Gerando Falcões, também vai abrir as inscrições para o curso de formação de líderes sociais. Durante um semestre, 25 alunos desenvolvem projetos e ações para implementar em suas favelas de origem. A data prevista para o lançamento do edital, no site da Gerando Falcões, é em meados de agosto.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDesigualdade socialItaú

Mais de Brasil

Com Marçal mais "comedido" e críticas a Nunes, candidatos focam em propostas em debate do STB

Oferta de moradia: Governo de São Paulo deseja adquirir quase 6 mil imóveis no centro da capital

Ensino no Brasil não prepara crianças para mundo do trabalho com IA, diz executivo do B20

Como emitir nova Carteira de Identidade no Amazonas: passo a passo para agendar online