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Onde Marina Silva errou na campanha eleitoral

Atraso para revidar ataques de Dilma Rousseff (PT) e fragilidades do programa de governo podem ter atrapalhado ascensão de Marina Silva (PSB)

Marina Silva em carreata em São Miguel Paulista, em São Paulo, na  véspera das eleições (Vagner Campos/ MSILVA Online)

Marina Silva em carreata em São Miguel Paulista, em São Paulo, na véspera das eleições (Vagner Campos/ MSILVA Online)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de outubro de 2014 às 19h09.

São Paulo – Desde o dia 13 de agosto, quando o avião que levava Eduardo Campos (PSB) caiu em Santos (SP), a trajetória de Marina Silva na campanha eleitoral assumiu traços de pico de uma montanha russa – que sobe e desce bruscamente.

De 21% das intenções de voto nos dias seguintes à morte do então parceiro de chapa, a candidata pulou para 34% das intenções no primeiro turno durante a última semana de agosto, segundo o Datafolha.

Não deu outra. Acuada com a ameaça do efeito Marina, Dilma Rousseff (PT) começou a revidar com uma série de ataques contra a ex-senadora. Resultado: desde então, a candidata ao Planalto do PSB só tem visto seu desempenho sucumbir nas pesquisas.

Neste sábado, véspera do primeiro turno das eleições, aconteceu aquilo que os marineiros mais temiam: Aécio Neves (PSDB), isolado no terceiro lugar até pouco tempo, ultrapassou Marina Silva, segundo Ibope e Datafolha.

Veja alguns dos possíveis erros que a candidata pode ter cometido ou obstáculos que teve que enfrentar ao longo da campanha que levaram ao quadro atual.

Ela demorou para revidar

Na última propaganda do horário eleitoral, veiculada na quinta-feira, Marina subiu o tom nas críticas contra Dilma Rousseff. No entanto, para especialistas, a reação chegou tarde. 

"Ela poderia ter antecipado a contra propaganda”, afirma Roberto Gondo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e presidente da Politicom. “A Marina não é uma pessoa de ataque, mas chega uma hora que você tem que se posicionar”.

O programa de governo expôs fragilidades

Em vez de fortalecer, apresentar um programa de governo apenas serviu de brecha para ataques dos adversários de Marina. Primeiro, com a revisão dos trechos que versavam sobre casamento igualitário. Depois, com as propostas para o pré-sal e Banco Central, por exemplo.

Faltou didática

Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que faltou didática à candidata nos esclarecimentos do plano de governo e até sobre sua posição como religiosa, por exemplo. 

“Ela deveria demonstrar claramente sua capacidade de ser presidente, de viabilizar o plano de governo em discursos mais efetivos. Ela tem intenções, propostas institucionais  e algumas até intangíveis, que são frágeis”, afirmou Emmanuel Publio Dias, professor de marketing político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) em entrevista a EXAME.com.

A relação com o PSB atrapalhou

As fragilidades internas e a cultura partidária do PSB também podem ter atrapalhado a candidata, segundo especialistas. “A grande fragilidade dela é a falta de estrutura partidária”, diz Gondo. “O PSB não é o partido de origem de Marina, não é o espaço em que ela tem influência”.

Além disso, faltou tempo para a candidata – e não estamos falando apenas de tempo na televisão, que também era pífio. Enquanto as outras campanhas estão se mobilizando há meses, a de Marina teve cerca de 50 dias para se organizar.

Logo após a morte de Eduardo Campos, Roberto Romano, professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou a EXAME.com que o tempo poderia ser um obstáculo para a candidata.

“Trocar a roda com a caminhonete andando é muito difícil. O tempo é um elemento essencial da política: você gasta tempo para ganhá-lo. O PSB não tem tempo para gastar. Ele foi tolhido pela tragédia”, disse. 

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