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Onde estavam os ministros militares de Bolsonaro em 1964?

Generais da reserva com assento no governo Bolsonaro ocuparam funções de oficiais na estrutura das Forças Armadas

General Augusto Heleno Ribeiro: "vibrei com a queda de João Goulart, um cancro na política brasileira" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

General Augusto Heleno Ribeiro: "vibrei com a queda de João Goulart, um cancro na política brasileira" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de março de 2019 às 09h08.

Última atualização em 11 de dezembro de 2019 às 13h44.

Brasília e São Paulo — Os generais da reserva com assento no governo de Jair Bolsonaro ocuparam funções de oficiais na estrutura das Forças Armadas e dos governos do regime militar.

Conselheiro do presidente, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno Ribeiro, de 71 anos, tinha quase 17 no dia 31 de março de 1964.

"Era aluno do segundo ano Científico do Colégio Militar do Rio. Vibrei com a queda de João Goulart, um cancro na política brasileira", disse ao Estado. A exemplo de Bolsonaro, Heleno não chama o golpe de golpe. Na sua definição, houve um movimento para conter o avanço do comunismo no País.

No começo da década de 1970, Heleno foi instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio, onde se formaram o vice-presidente Hamilton Mourão (1975) e o próprio Bolsonaro (1977).

No ano da formatura de Bolsonaro, Heleno, capitão recém-promovido, assumiu o cargo de ajudante de ordens do então ministro do Exército, Sylvio Frota — que tentou se impor como sucessor do presidente Ernesto Geisel e foi demitido. O grupo do entorno dele ensaiou um levante. Questionado, Heleno disse que sua participação foi "irrelevante". "Tinha apenas 30 anos."

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, de 65 anos, tinha 10 quando o Exército derrubou Goulart. Ele relatou que, durante o regime, se dedicou à Brigada Paraquedista, no Rio. Sua atuação, disse, foi "exclusivamente" voltada à profissão militar.

Em 1973, no auge da repressão, o ministro de Minas de Energia Bento Albuquerque, que é Almirante, entrava para a Marinha. Nos dois últimos governos militares ele se dedicou ao programa de submarinos.

O titular da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, de 56 anos, tinha um ano quando ocorreu o golpe e no último ano do regime, 1984, formou-se em Tecnologia Aeronáutica na Academia da Força Aérea. Militares mais novos, como o ministro Tarcísio Gomes (Infraestrutura), de 43 anos, não era nascido em 1964.

Outro ministro que não tinha nascido é o militar Wagner de Campos Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União. Rosário nasceu em 1975 e também não viveu o auge do regime. Rosário foi capitão do Exército com formação na Academia Militar das Agulhas Negras.

A cada quatro pronunciamentos feitos por Jair Bolsonaro durante sua passagem pela Câmara, pelo menos um mencionou o regime militar. Todos os discursos do atual presidente em plenário entre 2001 e 2018 - período em que ele ocupou uma cadeira de deputado. Das 901 falas catalogadas, 252 mencionam esse período histórico (28%).

Geralmente em tom nostálgico, os discursos dão crédito aos militares por reprimir a oposição de esquerda e negam que tenham sido cometidas violações de direitos humanos - o que está em desacordo com o consenso historiográfico atual.

Natural do Rio de Janeiro, o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira é praça de 8 de março de 1973. Ele foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em 14 de dezembro de 1979, e promovido ao atual posto em 25 de novembro de 2017.

O general substituiu o então ministro da secretaria de governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, também militar.

 

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