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OMS pede que prefeitos não subam velocidades no trânsito

"Quanto maior a velocidade de um veículo, menor será o tempo que um condutor tem para parar e evitar um choque", afirma organização

Trânsito: o pedido tem como base a constatação da relação entre a velocidade e a fatalidade do acidente

Trânsito: o pedido tem como base a constatação da relação entre a velocidade e a fatalidade do acidente

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 21h20.

São Paulo - A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicou nota nesta sexta-feira, 9, em que pede que prefeitos eleitos e reeleitos no Brasil não aumentem os limites de velocidade no trânsito.

O pedido tem como base a constatação da relação entre a velocidade e a fatalidade do acidente. No comunicado, o representação da OPAS/OMS no Brasil, Victor Pavarino, cita especificamente o caso das Marginais do Tietê e do Pinheiros, em São Paulo, como exemplo de local em que a redução das velocidades fez cair também as mortes.

"A OPAS/OMS pede que os prefeitos novos e reeleitos no Brasil considerem manter os limites máximos de velocidade em vias urbanas iguais ou inferiores a 50 km/h", diz o comunicado.

"Quanto maior a velocidade de um veículo, menor será o tempo que um condutor tem para parar e evitar um choque. O campo de visão do motorista também se reduz à medida que a velocidade aumenta", afirma Pavarino, no texto.

Na nota, o representante usa dedos de pesquisas de saúde para afirmar que a chance de sobrevida de um pedestre envolvido em atropelamento é de 90% caso o carro esteja a 30 km/ h.

"Mas essa chance cai para menos de 50% em um impacto a 45 km/h e é quase zero se acima de 60 km/h", afirma o especialista. No texto, cita ainda estimativa de um gasto anual de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País com consequências dos acidentes. Por ano, mais de 40 mil pessoas morrem no Brasil em decorrência dos acidentes de transporte.

A Opas descreve a experiência de São Paulo como um destaque positivo. "Em São Paulo, o número de mortes nas vias marginais Tietê e Pinheiros caiu 32,8% em um ano, passando de 73 óbitos em 2014 para 49 em 2015, conforme dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)".

Pavarino classifica uma eventual mudança na política de redução dos limites como um "retrocesso".

"Retroceder nesse avanço significa um retrocesso não apenas nos resultados estatísticos, mas no marco simbólico que representou a decisão em favor da vida, particularmente a dos mais vulneráveis", afirmou.

A reportagem procurou a equipe de transição do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), que fez campanha eleitoral tendo como um dos pilares justamente o aumento das velocidades nas Marginais. A assessoria de imprensa do prefeito eleito enviou uma nota.

"O programa de trânsito das marginais será implantado com segurança, fiscalização e ações de engenharia de trânsito", diz o texto.

A proposta já apresentada por Doria prevê a reversão das mudanças: a pista expressa das Marginais voltaria para 90 km/h, no lugar do atuais 70 km/h, as pistas centrais passariam de 60 km/h para 70 km/h e as pistas locais voltariam de 50 km/h para 60 km/h. Nas pistas locais, entretanto, a equipe de Doria pretende manter uma faixa, a da direita, nos limites atuais, de 50 km/h.

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