CÂMARA: Polarização deixa a escolha para os cargos do Legislativo — dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual — ainda mais de lado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2018 às 06h06.
Última atualização em 3 de outubro de 2018 às 07h10.
Com uma eleição presidencial polarizada ocupando boa parte do noticiário, a escolha para os cargos do Legislativo (dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual) ficou ainda mais em segundo plano. Às vésperas da eleição, no entanto, chega a hora da decisão. Um exemplo é o do prefeito de Belo Horizonte (MG), Alexandre Kalil, que afirmou, em uma transmissão de vídeo ao vivo na segunda-feira, que declarará seus votos para deputado federal e estadual – é esperado que ele o faça em nova transmissão nesta quarta.
Minas Gerais é um boa amostra da cara do próximo Congresso: extremamente parecido com o atual, com parlamentares enrolados em denúncias de corrupção e/ou que já ocupam cargos eletivos há anos.
Segundo o Ibope, os nomes mais citados espontaneamente pelos eleitores mineiros para ocupar a Câmara dos Deputados, em Brasília, são o do ex-senador Aécio Neves (PSDB), réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção; o de Fábio Ramalho (MDB), deputado federal desde 2007; e o do deputado estadual Paulo Guedes (PT), que foi o mais votado na eleição de 2014.
De acordo com um levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 407 dos atuais 513 deputados concorrem à reeleição (79%) e a grande maioria deve conseguir se reeleger — ajudada pelos recursos do fundo eleitoral. A maioria dos partidos decidiu privilegiar, na distribuição do dinheiro do fundo, as campanhas dos candidatos que já têm mandato. Exatamente na contramão do desejo da população, ao menos na teoria. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostrou que 81% dos eleitores preferem votar em quem hoje não é parlamentar.
Os partidos, no entanto, estão de olho na cláusula de barreira, que passa a valer a partir de 2019. De acordo com a regra, apenas partidos com, no mínimo, nove deputados eleitos ou 1,5% dos votos válidos para a Câmara, distribuídos em pelo menos nove estados, poderão receber os recursos de outro fundo, o Partidário, que em 2017 distribuiu mais de 700 milhões às legendas. Pela nova legislação, 14 siglas ficariam excluídas do fundo neste ano.
Cálculos do Diap, que costuma ter um nível de acerto de mais de 90%, mostram que a composição da Câmara deve mudar pouco com a eleição. Os partidos que hoje têm as maiores bancadas — PT (61), MDB (51), PP (50) e PSDB (49) — permanecerão os maiores, com um total entre 40 e 65 deputados. Logo atrás vêm PR, DEM, PSB, PDT e PRB. Hoje esses partido tem entre 19 e 43 deputados, e devem sair da eleição muito próximos disso, com cerca de 20 a 40 parlamentares.
“Os poucos efetivamente novos serão eleitos por serem policiais linha dura, evangélicos fundamentalistas, celebridades ou em razão da força do dinheiro e da relação de parentesco com oligarquias estaduais”, escreveu Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Diap e autor do levantamento.
Ainda dá tempo, claro, de o leitor confirma na urna o desejo de renovação.