Brasil

Odebrecht multiplicou por seis faturamento no governo PT

Um dos maiores e mais tradicionais grupos empresariais do país desenvolveu uma capacidade extraordinária de se relacionar com governos


	Marcelo Odebrecht: foi no governo petista que o grupo deu um de seus maiores saltos
 (REUTERS/Rodolfo Buhrer)

Marcelo Odebrecht: foi no governo petista que o grupo deu um de seus maiores saltos (REUTERS/Rodolfo Buhrer)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de março de 2016 às 10h40.

São Paulo - Um dos maiores e mais tradicionais grupos empresariais do País, a Odebrecht S/A desenvolveu ao longo de seus 72 anos de história uma capacidade extraordinária de se relacionar com governos, no Brasil e no exterior.

Em território brasileiro, construiu estradas, estaleiros, aeroportos, metrôs e estádios para a Copa do Mundo, entre eles a Arena Corinthians.

Os primeiros contratos com a Petrobras foram firmados ainda na década de 50. E, hoje, a estatal, mais do que cliente, é também sua sócia em uma das maiores subsidiárias do grupo: a petroquímica Braskem.

Lá fora, o primeiro projeto estrangeiro da Odebrecht foi a construção de uma hidrelétrica no Peru, em 1979.

Cinco anos depois, começou a construir a maior hidrelétrica de Angola, dando início ao seu relacionamento com o presidente José Eduardo dos Santos, que ainda hoje está no comando do país africano.

No Panamá, ganhou US$ 8,5 bilhões em contratos públicos ao longo da última década. E, em Cuba, está à frente do polêmico Porto de Mariel.

A empreiteira certamente não teria alcançado tamanho destaque não fosse o empurrãozinho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Entre 2007 e o início de 2015, o banco de fomento destinou à Odebrecht cerca de 70% de todo recurso destinado a obras de empresas brasileiras no exterior. Dos R$ 12 bilhões emprestados pelo banco com essa finalidade, R$ 8,2 bilhões foram para o grupo.

Embora, historicamente, a empresa fundada por Norberto Odebrecht estivesse sempre muito próxima do poder, foi no governo petista que o grupo deu um de seus maiores saltos.

Em 2003, quando Lula chegou à presidência, a Odebrecht já era considerada a maior empreiteira do País, com faturamento de R$ 17,3 bilhões. Até 2014, a receita foi multiplicada por seis, para R$ 107,7 bilhões.

Além de engenharia e construção, a empresa atua em outros dez negócios, entre eles saneamento, logística e exploração de petróleo.

Com uma dívida que beira os R$ 100 bilhões, crédito mais restrito e estando no alvo da Operação Lava Jato, a Odebrecht foi obrigada nos últimos meses a se desfazer de alguns ativos.

No fim do ano passado, a empresa de transportes do grupo vendeu por R$ 170 milhões para o Itaú sua fatia na ConectCar, que atua no pagamento eletrônico de pedágio.

Assim como outras construtoras envolvidas na investigação da Polícia Federal, a estratégia do conglomerado é encolher para sobreviver. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEmpresasEmpresas brasileirasEsportesFutebolNovonor (ex-Odebrecht)Partidos políticosPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático

Ministra interina diz que Brasil vai analisar decisões de Trump: 'Ele pode falar o que quiser'

Bastidores: pauta ambiental, esvaziamento da COP30 e tarifaço de Trump preocupam Planalto