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Ocupação de UTIs covid chega a 85% em hospitais particulares

O avanço da Ômicron no país provocou uma explosão de casos e já faz a média de mortes pela doença subir mais de 500%

Saúde: ao todo, o levantamento reuniu dados de 45 hospitais particulares espalhados pelo Brasil. (Amanda Perobelli/Reuters)

Saúde: ao todo, o levantamento reuniu dados de 45 hospitais particulares espalhados pelo Brasil. (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de fevereiro de 2022 às 09h30.

Os hospitais privados do Brasil chegaram a quase 95% de ocupação das alas destinadas a pacientes do coronavírus durante a última semana de janeiro. A taxa para leitos de UTI foi de 85% no mesmo período, segundo levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgado nesta sexta-feira, 4. O avanço da Ômicron no País provocou uma explosão de casos e já faz a média de mortes pela doença subir mais de 500%.

Ao todo, o levantamento reuniu dados de 45 hospitais particulares espalhados pelo Brasil. Juntos, eles tinham 9,8 mil leitos destinados ao tratamento do coronavírus entre 22 e 28 de janeiro. Um mês antes, quando 47 instituições privadas responderam à pesquisa com um total de 5,1 mil vagas para a covid, a taxa de ocupação era menos da metade para ambas as modalidades: 47,31% em alas-covid e 40,84% em vagas de UTI destinadas à pandemia.

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"Algo que preocupa pelos relatos dos médicos é que há incidência muito elevada de idosos e, na UTI, daqueles que não se vacinaram ou não concluíram a vacinação. É um cenário que se repete", aponta Antonio Britto, diretor executivo da Anahp. "Mas tem havido uma lógica permanente. A cada semana aumentam um pouco mais as internações e a ocupação dos leitos de enfermaria é maior que da UTI, o que difere do comportamento observado na (variante) P.1", diz ele, em referência à cepa Gama, identificada originalmente em Manaus, que causou uma escalada de casos críticos no 1º semestre do ano passado.

No Hospital Sírio-Libanês, a taxa de ocupação geral saltou de 77% para 94% na unidade paulista e de 64% para 83% na unidade do Distrito Federal entre a primeira semana de janeiro e esta sexta-feira, 4. Ao todo, o número de internados na instituição com diagnóstico confirmado ou suspeito de covid foi de 67 para 108 no período.

Nesta sexta, o Hospital Israelita Albert Einstein também tinha 190 pacientes internados por causa do coronavírus. Desses, 69 estavam em leitos de UTI ou tratamento semi-intensivo, enquanto 22 precisavam de ventilação mecânica para auxiliar na respiração.

"Atualmente, vemos crescimento no número de internações. Muitos desses pacientes menos graves, mas portando outros diagnósticos que somam-se à covid-19", aponta Felipe Duarte, gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas no Sírio-Libanês. Ainda assim, ele afirma que o número de casos tem sido menor do que em abril do ano passado, em parte pelas próprias características da Ômicron e também pelo avanço da imunização no País.

De acordo com o que já se entende da covid-19 e a observação da variante em outros países, a expectativa geral é que o Brasil esteja próximo de atingir um platô na curva de infecções e, em aproximadamente duas semanas, reduza o número de infecções. "Nos últimos dias, temos visto leve tendência de diminuição desses casos, o que pode ser uma característica da rede privada, porque o comportamento da pandemia começa aqui e depois vemos migrar para a rede pública", observa Duarte.

"Realmente, estamos chegando ao que os epidemiologistas chamam de ponto mais alto de contaminação. Isso abre a esperança de que nos próximos dias, vamos começar a ver esses números abaixando" complementa Britto, da Anahp.

Mas para que as infecções de covid causadas pela Ômicron realmente diminuam, o País ainda tem dois obstáculos importantes no futuro próximo: "A volta às aulas com a exposição das crianças em ambiente comum pode sim levar a um aumento do número de casos, que pode se refletir no ambiente domiciliar. E também o carnaval que, mesmo com as proibições, tem tendência de aglomeração", explica Duarte.

As escolas têm adotado, conforme protocolos internacionais, o incentivo à ida das crianças às aulas presenciais, com máscara e outros cuidados, além do estímulo à vacinação, que começou na faixa entre 5 e 11 anos só em janeiro. Segundo especialistas, a ida à escola deve ser priorizada diante do longo período de afastamento dos alunos da sala de aula entre 2020 e 2021, o que acarretou prejuízos de aprendizagem ainda inestimáveis.

Nas grandes cidades, a realização do carnaval de rua foi proibida, além do adiamento feito pelas prefeituras do Rio e de São Paulo dos desfiles das escolas de samba. Já as festas particulares seguem liberadas na maior parte do País, o que preocupa especialistas.

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