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Obras no prédio que desabou já causavam polêmica

Condomínio do Edifício Liberdade já havia pedido explicações à Tecnologia Organizacional sobre as intervenções que estavam sendo realizada

Até o momento, 17 mortos já foram encontrados no local da tragédia (Vladimir Platonow / Agência Brasil)

Até o momento, 17 mortos já foram encontrados no local da tragédia (Vladimir Platonow / Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2012 às 09h53.

Rio - Apontada por especialistas e dirigentes do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) como uma das possíveis causas do desabamento do Edifício Liberdade, as obras promovidas pela Tecnologia Organizacional (TO) no terceiro e no nono andares do prédio eram fonte de polêmica muito antes da tragédia.

O condomínio já havia pedido explicações à TO sobre as intervenções que estavam sendo realizadas. Havia preocupação em relação ao entulho e ao peso que o material de construção guardado nas salas da empresa exercia sobre a estrutura do prédio.

Contratado pela TO, o engenheiro calculista Paulo Sérgio da Cunha Brasil elaborou um laudo limitando-se a informar ao síndico Paulo Renha que os quatro sacos de cimento armazenados no terceiro andar não apresentavam risco à estrutura. Ele negou tem qualquer participação na obra e disse que não foi contratado para fazer avaliações no nono andar.

"Havia um questionamento do síndico se aqueles quatro sacos de cimento poderiam provocar dano à estrutura. Eu falei que esse era o peso equivalente a duas pessoas se cumprimentando. Pensei até que era brincadeira. Isso não pode, evidentemente, causar nenhuma avaria", explicou o engenheiro. Cada saco de cimento pesa 50 quilos.

Cunha Brasil destacou que não chegou a identificar um engenheiro responsável pela obra no local. Ele também disse ter achado estranho que Renha não tenha apresentado questionamentos sobre uma parede que ele viu sendo erguida no terceiro andar. "Isso o síndico não questionou. E a parede é mais pesada que os sacos de cimento", disse.

Ainda segundo o engenheiro, todos os pilares do Edifício Liberdade eram externos. Não havia pilares ou vigas no meio das lajes do prédio. A eventual remoção de parede interna, portanto, não provocaria abalo na estrutura do edifício. "Todos os pilares são externos. No meio da laje não tem pilar e não tem viga. Era uma laje plana", explicou.

Procurado, o advogado Geraldo Beire Simões, que representa o síndico do edifício Liberdade, não retornou as ligações. À TV Globo, ele informou que o laudo sobre as obras no nono andar ainda estavam sendo aguardados.

Em entrevista coletiva concedida ontem, Sérgio Alves, um dos sócios da TO, alegou que as obras no nono andar tinham começado há apenas oito dias e reconheceu que o laudo pedido pelo síndico não tinha sido entregue, pois o engenheiro Cunha Brasil precisou resolver problemas pessoais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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