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Obama terá afinidade com Marina, diz coordenador

Mauricio Rands disse que governo faria correções na política externa, com flexibilização do Mercosul e "relançamento" das conversas com os EUA


	Candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro
 (Vagner Campos/MSILVA Online)

Candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro (Vagner Campos/MSILVA Online)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2014 às 22h34.

São Paulo - Um dos coordenadores do programa da candidata Marina Silva, Mauricio Rands, disse em entrevista para a Agência Efe que seu governo faria correções na política externa brasileira, com uma flexibilização do Mercosul e um "relançamento" das conversas com os Estados Unidos.

"O Estados Unidos de (Barack) Obama terá muita afinidade com o Brasil de Marina Silva", previu.

Rands, ex-deputado federal pelo PT que mudou de partido e migrou para o PSB, é um dos coordenadores do plano de governo de Marina ao lado da socióloga Neca Setúbal, uma das herdeiras do Banco Itaú.

Segundo Rands, uma das linhas do programa será colocar em uma nova dimensão as relações com os Estados Unidos, afetadas atualmente pelo escândalo de espionagem denunciado pelo ex-analista da NSA Edward Snowden.

A presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar uma visita oficial a Washington, em 2013, após ser revelado que a NSA teria interceptado ligações e correios eletrônicos da governante.

"Queremos de fato relançar (as relações). Temos pontos de tensão, como a espionagem, assuntos da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas temos muito mais espaços para cooperar no campo da paz, da energia, da mudança da governança mundial", afirmou Rands.

Quando era deputado, Rands fez parte da frente parlamentar Brasil-Estados Unidos e levou ao Congresso um projeto para eliminar a dupla tributação entre ambos os países.

O programa do governo de Marina Silva também defende uma flexibilização do Mercosul para que os países-membros possam assinar acordos de livre-comércio com outros blocos.

No texto do programa a Argentina é acusada de "se negar insistentemente em convergir com os demais membros do Mercosul" sobre a forma de chegar a uma acordo de livre-comércio entre o bloco e a União Europeia (UE).

"Nosso programa apresenta correções que necessitam ser realizadas nas relações externas", comentou Rands, entre as quais "dinamizar e fortalecer as relações" no âmbito do Mercosul e da Unasul.

"Queremos acelerar a integração de nossos blocos com outros, como um acordo UE-Mercosul. E, para isso, por profunda solidariedade com nossos países irmãos, admitimos fazer negociações respeitando a individualidade de cada país membro e poder negociar em um mecanismo de 'duas velocidades'", explicou.

Segundo Rands, quem é apontado como um dos possíveis ministros de um eventual governo Marina, esta posição não afetaria o Tratado de Assunção que rege o bloco: "não se fala de inviabilidade de uma negociação quando esta for necessária se esta atende aos interesses de todos os países irmãos".

"Queremos -enfatizou- um diálogo respeitoso, solidário e eficiente para que todas as economias se beneficiem da integração".

Na proposta de Marina Silva há apenas uma menção a uma das apostas estratégicas do governo de Dilma: o grupo Brics, integrado também por Rússia, Índia, China e África do Sul.

Nesse sentido, "os Brics são uma articulação de países emergentes com mais capacidade de liderança no mundo que possui uma grande heterogeneidade, com pontos em comum como a governança mundial, mas com diferenças em questões como a social, a ambiental e regimes de governo", ressaltou Rands.

"Não queremos ter a ilusão de que os Brics sejam homogêneos", afirmou.

Sobre comércio exterior, reconheceu que um possível governo da ex-ministra do Meio Ambiente deverá modificar sua relação comercial com a China, que desde 2009 superou os Estados Unidos como principal parceiro comercial do Brasil.

"Necessitamos qualificar as relações comerciais com a China e ponderar diante do governo chinês que é necessário um plano solidário sobre a desvalorização" do iene, que às vezes permite concorrência desleal no Mercosul", afirmou Rands.

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