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OAB, ONU, Bolsonaro, Lula, Ciro: a repercussão da morte de Bruno e Dom

Pré-candidatos e o presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestaram sobre o crime contra Dom e Bruno após confirmação dos assassinatos

Manifestante segura faixa com os rostos de Dom Phillips e Bruno Pereira: confirmação das mortes (AFP/AFP)

Manifestante segura faixa com os rostos de Dom Phillips e Bruno Pereira: confirmação das mortes (AFP/AFP)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 16 de junho de 2022 às 14h45.

Última atualização em 16 de junho de 2022 às 15h00.

O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na região do Vale do Javari, na Amazônia, vem causando comoção nacional e internacional entre imprensa, políticos e organizações.

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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se juntou ao movimento e disse nesta quinta-feira, 16, que vai acompanhar os desdobramentos da investigação para "cobrar das autoridades a responsabilização" dos responsáveis pelo crime.

A comissão de Diretos Humanos da entidade recebeu a atribuição de monitorar a sequência dos trabalhos.

Em nota, o presidente da OAB, Beto Simonetti, afirma que em nota da entidade que "recebeu com consternação" a notícia da morte e que o crime "é mais uma triste página do histórico de conflitos que assola" a Amazônia.

"Neste momento de profunda dor, a OAB se solidariza com as famílias de Bruno Pereira e Dom Phillips, e todos os jornalistas e ambientalistas que enfrentam inaceitáveis riscos e ameaças no cumprimento de suas missões", diz o texto.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também cobrou as autoridades brasileiras nesta quinta-feira, pedindo proteção a ativistas na região.

"Instamos as autoridades brasileiras a ampliar seus esforços para proteger os defensores dos direitos humanos e os povos indígenas de todas as formas de violência e discriminação, tanto por parte de atores estatais quanto não estatais", disse a porta-voz da organização, Ravina Shamdasani, em nota enviada à rede britânica BBC.

A confirmação das mortes foi feita na noite de quarta-feira, 15.

O chefe da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, assegurou na quarta-feira que é muito provável que os restos mortais encontrados "correspondam a Phillips e Pereira", embora ainda devam ser submetidos a testes.

Horas depois na manhã desta quinta-feira, 16, a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas confirmou que o pescador Amarildo Oliveira, conhecido como "Pelado", confessou ter matado os dois.

A Polícia Federal também prendeu o irmão de Pelado, Osney da Costa Oliveira, por suposta participação no crime, e ainda analisa a participação de outras pessoas.

Bruno e Dom desapareceram no Vale do Javari em 5 de junho.

Nas últimas horas, jornais como os britânicos The Guardian e BBC, para quem Dom Phillips contribuiu, publicaram sobre o caso e relembraram a trajetória do jornalista. Veículos internacionais como The New York Times e Washington Post, dos EUA, Le Monde, da França, Al Jazeera, do Catar, e outros também falaram sobre o crime.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), cujos integrantes participaram ativamente das buscas, qualificou o assassinato como "crime político", já que ambos eram "defensores dos direitos humanos". "Sabemos que eles fazem parte de um grupo maior", disse a organização.

Bolsonaro se manifesta

O presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestou nesta quinta-feira, 16, no Twitter, pela primeira vez, sobre a confirmação dos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia.

"Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!", escreveu o presidente.

A postagem foi feita em resposta à nota de pesar emitida pela Funai sobre as mortes - não se trata, portanto, de uma publicação à parte na rede social.

Mais cedo, já com o crime confirmado, Bolsonaro chegou a anunciar no Twitter redução de imposto de importação de vídeo game.

Na quarta-feira, antes de a Polícia Federal dizer que o até então principal suspeito pelos assassinatos confessou o ato, o presidente declarou em entrevista que, se os dois tivessem sido mortos, estariam embaixo da água.

"Peixe come. Não sei se tem piranha", afirmou Bolsonaro.

"Esse inglês era malvisto na região, fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental. Então, naquela região bastante isolada, muita gente não gostava dele. Deveria ter segurança mais que redobrada consigo próprio", afirmou o presidente, em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube.

Repercussão de pré-candidatos

Após a confirmação das mortes nesta quarta-feira, uma série de políticos brasileiros reagiram aos crimes contra Dom e Bruno no Vale do Javari.

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou uma nota conjunta com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) afirmando que a confirmação das mortes de Bruno e Dom causa dor e indignação. Eles prestaram solidariedade aos amigos e familiares da dupla.

"Bruno e Dom dedicaram a vida a fazer o bem. Por isso percorreram o interior do Brasil, ajudando, protegendo e contando a vida, os valores e o sofrimento dos povos indígenas."

Na nota, Lula e Alckmin também afirmam que o crime está relacionado com o "desmonte das políticas públicas de proteção aos povos indígenas" e ao "incentivo à violência por parte do governo atual do país", cobrando uma investigação rigorosa do caso.

"O mundo sabe que este crime está diretamente relacionado ao desmonte das políticas públicas de proteção aos povos indígenas. Está diretamente relacionado também ao incentivo à violência por parte do atual governo do país. O que se exige agora é uma rigorosa investigação do crime; que seus autores e mandantes sejam julgados. A democracia e o Brasil não toleram nem podem mais conviver com a violência, o ódio e o desprezo pelos valores da civilização."

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT) publicou uma série de tuítes na qual afirma que a omissão do governo na Amazônia criou "uma versão cabocla do Estado Islâmico" no Brasil.

Ciro também questionou o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a quem chamou de "vice rei da Amazônia".

A senadora Simone Tebet (MDB) chamou Bruno e Dom de "defensores dos direitos humanos e do meio ambiente" e pediu que a coragem de ambos inspirasse todos a lutar. Tebet também cobrou uma investigação severa do que chamou de "crime bárbaro".

"É preciso dar um basta à impunidade. Meus sentimentos às famílias do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira neste momento inconsolável", escreveu Tebet.

E completou: "Que a coragem desses dois defensores dos direitos humanos e do meio ambiente nos inspire a lutar. O Brasil precisa voltar a ter paz e clama por justiça para Bruno e Dom."

Em reação às declarações de Bolsonaro, o presidenciável André Janones (Avante) disse considerar esperado que o governo federal fale "barbaridades". "O governo vai falar barbaridades que nós seres humanos teremos nojo ao escutar sobre a morte de Dom e Bruno. E fará isso pra esconder a tragédia que é a inflação hoje e mais um reajuste nos combustíveis. A cortina de fumaça da vez são vidas e ele com nada se importa", afirmou.

O presidenciável Luciano Bivar (União Brasil) lamentou as mortes e afirmou que "a Amazônia está tomada por invasores criminosos", que "não podem ficar impunes".

"Lamentamos as mortes violentas do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips. O Brasil inteiro acompanhou as buscas e descobriu que a Amazônia está tomada por invasores criminosos. Esses crimes não podem ficar impunes", publicou Bivar.

(Com informações do Estadão Conteúdo e AFP)

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