TEMER E CALHEIROS: Além de Renan, que bateu de frente com juízes e procuradores no ano passado, Henrique de Almeida Ávila teve apoio do ministro do STF Gilmar Mendes / Ueslei Marcelino/ Reuters
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 05h37.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h42.
O Supremo Tribunal Federal julga nesta quinta-feira uma ação da Rede Sustentabilidade que caracteriza como “lesivo a preceitos fundamentais” a presença de políticos que respondem a ações penais na linha sucessória da presidência da República. Protocolada em maio, era uma tentativa de judicialização contra Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e – por conta do afastamento de Dilma – primeiro na substituição de Michel Temer. Agora, com a cassação de Cunha, o alvo da ação tem nome e sobrenome: Renan Calheiros, que responde a 11 inquéritos na Corte.
A sinalização para o presidente do Senado é preocupante. Quando Cunha foi afastado pela Corte de seu mandato, um dos pontos ressaltados pelos ministros foi justamente o fato de que o ex-presidente da Câmara poderia ocupar a mais alta cadeira do Executivo enquanto tinha contra si processos no Judiciário.
Agora, a matéria foi pautada pela presidente do Supremo, Cármen Lúcia, com quem Renan teve um arranca-rabo dias atrás. Na última sexta, um encontro entre ambos, e Michel Temer, no Palácio do Itamaraty, tentou apagar o fogo do confronto. Até o fim do dia nesta quarta-feira, o Planalto trabalhava na articulação para adiar o assunto na pauta do Supremo. Cármen Lúcia, porém, parece não ter se comovido.
Se o julgamento de hoje for mantido, há o temor no governo de uma retaliação de Renan. Há suspeita de que o presidente paute matérias no plenário que desagradam o Judiciário enquanto Temer tenta se aproximar do Supremo – seu núcleo de seu governo está na mira da Lava-Jato. O mandato de presidente do Senado de Renan dura mais dois meses.