A aeronave desapareceu horas depois de decolar da capital paulista, no dia 31 de dezembro, com destino a Ilhabela, no litoral norte (FAB/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 17h23.
Última atualização em 12 de janeiro de 2024 às 10h09.
Na segunda semana de buscas pelo helicóptero que desapareceu em São Paulo, na véspera do ano novo, na Serra do Mar, um dos focos será fazer uma varredura em áreas já sobrevoadas, explica o porta-voz do Comando de Aviação da Polícia Militar de São Paulo, major Cesar Augusto Silva. A PM participa da operação em conjunto com a Força Aérea Brasileira (FAB) desde a última segunda-feira.
ATUALIZAÇÃO: Helicóptero desaparecido em Ilhabela é encontrado em Paraibuna
"Vamos refazer alguns pontos em que acreditamos que há maior possibilidade dele estar, com mais detalhamento. O objetivo é passar pelas mesmas áreas, mas de outras posições, de forma que possamos ver por outro prisma. Nossa estratégia para a semana é essa: principalmente refazer os trajetos de algumas áreas específicas", afirma o major, ao GLOBO.
A aeronave desapareceu horas depois de decolar da capital paulista, no dia 31 de dezembro, com destino a Ilhabela, no litoral norte. Três tripulantes, além do piloto, estavam na aeronave: Luciana Rodzewics, de 46 anos, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, e o amigo das duas, Raphael Torres, de 41 anos. O objetivo do grupo era passar a virada do ano no litoral
As buscas pela a aeronave, que contam com o apoio também da Polícia Civil de São Paulo, vêm sendo feitas por duas aeronaves da FAB e por dois helicópteros Águia da PM, em uma área que abrange cinco mil quilômetros quadrados, predominantemente de Mata Atlântica.
O porta-voz do Comando de Aviação da PM diz que refazer as rotas dos dias anteriores é necessário porque a região, de mata fechada e nativa, dificulta a visualização abaixo das copas das árvores. Nesta terça-feira, a operação tem se concentrado em uma área da Serra que abrange Ubatuba e Caraguatatuba.
"Esse é um dos maiores desafios das buscas, que acontecem em uma área muito extensa", afirma o Major. "É uma briga contra o tempo. Quanto mais o tempo passa, você tem a preocupação com as vítimas, se elas têm acesso a água e comida, mas também com a mata, que começa a tomar conta de tudo e dificulta a visualização. A mata começa a tomar conta de tudo, como uma fagocitose".
Além da mata fechada que encobre a Serra do Mar — com vegetação nativa de Mata Atlântica — outro desafio das buscas é a abrangência da área em que a aeronave pode estar. Até aqui, as operações têm tido como referência dois pontos principais: o local onde houve sinal do celular de uma das passageiras e o ponto em que o helicóptero emitiu sinal também pela última vez.
"Mas eles estavam voando em uma área muito ampla em que o helicóptero não precisava se reportar com os órgãos de controle durante o trajeto. A aeronave também não tinha um dispositivo chamado ELT, que dispara quando há uma desaceleração e solta a localização da radiofrequência".
As buscas têm checado também informações de possíveis testemunhas, o que amplifica a área de sobrevoo. As informações vêm sendo colhidas e correlacionadas com o que há de imagem de radar.
Outro desafio que vem sendo enfrentado pelas equipes de buscas é a meteorologia e as características do clima na Serra do Mar. As altas temperaturas e umidades na mata, explica o major, favorecem a formação de nevoeiros e nuvens baixas.
"A todo o tempo a gente precisa desviar dessas formações para que a gente não entre em condição de IMC, de voo por instrumento (quando não há visibilidade). Então precisamos fazer as buscas lidando com uma meteorologia complexa e que muda o tempo todo naquela região".
Apesar do tempo transcorrido desde o desaparecimento do helicóptero, o porta-voz da PM não descarta que os passageiros e pilotos estejam vivos. Ele diz que "é uma questão de fé" e acrescenta que já trabalhou em operações similares em que as pessoas sobreviveram.