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O que se sabe e se supõe sobre Lula e o tríplex no Guarujá

Entenda como um triplex orçado em mais de 1 milhão de reais jogou Lula para o centro das investigações do MP


	Luiz Inácio Lula da Silva: cercado por três frentes de investigações
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Luiz Inácio Lula da Silva: cercado por três frentes de investigações (REUTERS/Ricardo Moraes)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 14h28.

São Paulo – Para colegas de partido em reunião na última segunda-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria desabafado que não aguenta mais falar sobre as investigações em torno dele e de membros de sua família.

Pelo menos por enquanto, ele não vai precisar tocar no assunto perante a Justiça. No final da noite de ontem, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) suspendeu os depoimentos que Lula e sua mulher, Marisa Letícia, dariam nesta quarta em São Paulo.

Eles foram intimados pelo promotor de Justiça de São Paulo Cássio Conserino a prestar depoimento no âmbito das investigações sobre um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

O MP-SP apura se o casal cometeu crime de lavagem de dinheiro ao esconder que seriam os reais donos do tríplex 164-A do Edifício Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá (SP), avaliado em ao menos 1,5 milhão de reais.

No final da manhã e início da tarde de hoje, manifestantes favoráveis e contrários ao ex-presidente se enfrentaram em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, onde Lula prestaria depoimento. Um grupo de deputados petistas também veio a São Paulo para apoiar o líder.

Além do triplex, Lula também está sendo investigado por frequentar um sítio cuja reforma foi custeada por empreiteiras, tráfico de influência e negócios suspeitos fechados por um de seus filhos com grandes empresas.

Entenda o assunto que ele teria que explicar hoje:

O TRIPLEX NO GUARUJÁ

O que se supõe

A suspeita é de que a OAS, que assumiu a obra em 2009, repassou o apartamento de 215 metros quadrados para o ex-presidente. Oficialmente, o imóvel ainda pertence à empreiteira.

As outras unidades do empreendimento também entraram na mira dos investigadores da Operação Lava Jato, que atuam em paralelo ao MP de SP. 

A hipótese é de que a OAS teria usado o condomínio para repasse disfarçado de propinas a envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras.

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, além de Lula, a família do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também seria dona de um apartamento. Vaccari foi preso no ano passado em uma das fases da Operação Lava Jato.

O que se sabe (e o que Lula diz)

De fato, a ex-primeira dama Marisa Letícia comprou, em 2005, uma cota na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), para adquirir um apartamento no condomínio Solaris. A unidade 141, de 82,5 metros quadrados, teria sido designada para ela.

Em 2006, Lula, então candidato à reeleição, declarou ter pagado até aquele momento 47,69 mil reais em uma “participação” na Bancoop em um “apartamento em construção em Guarujá”. No total, segundo informações do Instituto Lula, foram investidos 179,6 mil reais na cota da Bancoop – que em 2009 já valiam mais de R$ 209 mil.

Três anos depois, a cooperativa faliu e repassou o empreendimento para a OAS. A empreiteira, então, determinou um prazo para que os cooperados vendessem a cota ou adquirissem o imóvel.

A ex-primeira dama teria perdido a data limite estipulada pela empresa e perdeu a chance de adquirir a unidade 141. No entanto, segundo informações do Instituto Lula, ela ainda poderia optar por outro apartamento.

De acordo com o instituto, Lula e Marisa teriam visitado o triplex na companhia de Leo Pinheiro, presidente da OAS. A ex-primeira dama foi vista em outras ocasiões visitando as obras do apartamento, que passou por uma reforma bancada pela empreiteira de 700 mil reais. Até um elevador interno foi incluído na obra, segundo reportagem da revista Época.

Em novembro do ano passado, Marisa Letícia desistiu da compra do imóvel. 

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