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O que pode dar errado na estratégia do BC de combate à inflação

Analista-sênior do Medley Global Advisors aponta os principais desafios dos diretores do Copom

Produção de petróleo no Oriente Médio: choque de preços é um dos riscos do BC (Joe Raedle/Getty Images)

Produção de petróleo no Oriente Médio: choque de preços é um dos riscos do BC (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 14h44.

São Paulo – O Banco Central do Brasil reforçou nesta quinta-feira (10), por meio da ata do Copom, sua estratégia de substituir parcialmente os juros por outras medidas de combate à inflação. Apesar de ser a mesma linha seguida por vários países emergentes, há riscos que não podem ser ignorados.

O analista-sênior para a América Latina da consultoria Medley Global Advisors (MGA), Bernardo Wjuniski, que participou do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME, cita três ameaças: não cumprimento do pacote fiscal, choque permanente de preços no mundo e fracasso das medidas macroprudenciais.

“Olhando de um ponto de vista bem teórico, (trocar juros por medidas macroprudenciais) não é a medida ideal para controlar a inflação. Uma alta de juros, sem dúvida, tem mais efeitos, pois atinge os canais da expectativa inflacionária e do câmbio. Mas, sem dúvida nenhuma, é uma tentativa que o Banco Central está fazendo para afetar o canal do crédito”, diz Wjuniski, que salienta que os canais de transmissão desse tipo de política não são tão claros no Brasil. “Ele (o Banco Central) está testando um caminho novo e apostando que o efeito no crédito vai ser significativo sobre a inflação. No fundo, ele está pagando para ver.”

Uma das vantagens de o Copom não precisar elevar tanto a Selic é evitar uma maior valorização do câmbio, posição defendida pelo governo. Porém, se a inflação não ceder ao logo do ano, como prevê o próprio Banco Central, os analistas podem piorar suas expectativas. “Existe um risco significativo, pois o mercado ainda não se convenceu de que esse caminho escolhido pelo Banco Central será suficiente para garantir uma convergência da inflação ao centro da meta no ano que vem. Se os dados não vierem na direção que o Banco Central espera, ou seja, desaceleração do crédito e queda na inflação no último trimestre, a gente deve ver o mercado reagindo e voltando a questionar o Banco Central sobre a necessidade de um novo ciclo de aperto monetário”, explica o analista da MGA.

Bernardo Wjuniski diz que outro ponto fundamental é o governo cumprir o corte de gastos de R$ 50 bilhões. “Nessa ata (do Copom), o Banco Central é muito claro ao afirmar que conta com a entrega total do pacote fiscal anunciado. Ele está confiante que isso vai contribuir para um ciclo de aperto monetário menor. No fundo, um aperto fiscal relevante tira consumo do governo na economia e, sem dúvida nenhuma, tem condições de ajudar na contenção da demanda.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), o analista da consultoria Medley Global Advisors cita ainda um terceiro fator que pode atrapalhar os planos do Banco Central. “O problema é se a gente tiver um choque internacional permanente que não estava na conta. Por exemplo, uma alta de petróleo muito maior do que todo mundo está imaginando e que poderia puxar os preços de commodities de uma forma geral.”

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