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O que pesa contra Delcídio, o primeiro senador preso do país

Ex-diretor da Petrobras durante era FHC, líder do PT no Senado teria oferecido R$ 4 mi e mesada de R$ 50 mil pelo silêncio de Nestor Cerveró sobre corrupção

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) - 24/11/2015 (Jefferson Rudy/ Agência Senado)

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) - 24/11/2015 (Jefferson Rudy/ Agência Senado)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 25 de novembro de 2015 às 13h55.

São Paulo – Líder do PT no Senado e ex-diretor da Petrobras durante a era FHC, Delcídio do Amaral (PT-MS) se tornou hoje o primeiro senador em exercício do Brasil a ser preso pela Polícia Federal. A operação deflagrada na manhã de hoje em Brasília, no âmbito da Lava Jato, foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, mas ainda deve ser analisada pelo Senado.

Delcídio é suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato ao oferecer dinheiro em troca do silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

A promessa de dinheiro, fuga e liberdade

Junto com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, também preso hoje, o senador teria oferecido 4 milhões de reais para o advogado Edson Ribeiro, então defensor de Cerveró, para impedir que o ex-executivo fechasse um acordo de delação premiada ou, então, que limasse o executivo do BTG e Delcídio dos depoimentos.

As informações foram relatadas na manhã de hoje pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
Os suspeitos teriam ainda entregado 50 mil reais a Bernardo Cerveró, filho do ex-executivo da estatal e prometido uma mesada no mesmo valor como pagamento pelo silêncio do investigado.
 

Ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró: Cerveró foi preso na madrugada de hoje, no Rio de Janeiro (Ueslei Marcelino/Reuters)

O político foi ainda flagrado em gravações discutindo rotas de fuga para o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. De acordo com a coluna Radar da revista Veja, as gravações – feitas pelo filho do ex-executivo - teriam embasado a prisão preventiva do senador. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao áudio da conversa

Ele teria, inclusive, prometido interceder pela liberdade de Cerveró junto ao Supremo Tribunal Federal. A rota de fuga proposta pelo senador tinha a Espanha como destino.

O suposto envolvimento na Lava Jato

Delcídio foi citado por Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB no esquema. Segundo depoimento de Baiano, o senador teria recebido cerca de 1,5 milhão de dólares como propina pela negociação da refinaria de Pasadena, no Texas.

Refinaria da Petrobras em Pasadena (Agência Petrobras / Divulgação)

A refinaria foi adquirida pela Petrobras por 1,2 bilhão de dólares, em 2007. Pouco antes, seu antigo dono a havia comprado por 42,5 milhões de dólares.

Ex-diretor da Petrobras e ex-ministro de Minas e Energia 

Ex-tucano, Delcídio ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001. Antes disso, foi ministro de Minas e Energia no governo Itamar Franco. Em 1995, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), onde encarou a crise de energia de 2000 e 2001. Em 1998, se filiou ao PSDB.

Assumiu a secretaria de infraestrutura e habitação do estado do Mato Grosso do Sul, durante a gestão do Zeca do PT.

Foi duas vezes eleito senador – em 2002 e em 2010. No ano passado, foi o candidato mais votado no primeiro turno das eleições para o governo do estado do Mato Grosso do Sul, mas acabou derrotado no segundo turno pelo tucano Reinaldo Azambuja. 

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