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Talita Abrantes
Publicado em 22 de junho de 2018 às 08h45.
Última atualização em 22 de junho de 2018 às 08h54.
São Paulo — Pesquisa do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) encomendada pela consultoria XP Investimentos e divulgada em primeira mão por EXAME nesta sexta-feira (22) mostra que os eleitores brasileiros estão divididos sobre alguns temas que devem pautar o debate das eleições 2018.
Mas engana-se quem pensa que os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) são os únicos a polarizar todas as discussões. Na verdade, segundo a sondagem, eles até têm opiniões similares quando questionados sobre o papel do Estado na economia e autorização de aborto em caso de estupro.
Na prática, segundo a sondagem, os eleitores de Jair Bolsonaro e Álvaro Dias (Podemos) são os mais próximos em seus posicionamentos. Quem vota em Lula, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) tende a compartilhar de opiniões similares. Os apoiadores de Geraldo Alckmin oscilam a depender do assunto e são os que mais aprovam a Reforma da Previdência.
Já os apoiadores do deputado do PSL são os mais favoráveis à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, liberação do porte de armas, pena de morte, intervenção militar e privatizações. No lado oposto, quem declara voto em Ciro Gomes é mais favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalização do aborto, autorização de aborto em caso de estupro e legalização da maconha.
Toda atenção aos indecisos
Mas o que importa mesmo para as campanhas é o posicionamento dos eleitores indecisos ou daqueles que votam branco e nulo, que, segundo a pesquisa, compreendem mais de 30% do eleitorado a depender da configuração dos candidatos apresentados.
Nessa sondagem, a aproximação desse grupo com as ideias dos apoiadores de cada presidenciável varia conforme o assunto — fato que pode ser um indicativo de que posicionamentos muito radicais podem encontrar resistência entre essa parcela do eleitorado.
A sondagem ouviu mil pessoas entre os dias 18 e 20 de junho. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE com o número BR-06647/2018.
64% dos eleitores brasileiros ouvidos pela sondagem se opõem às privatizações. A ideia tem menos resistência entre os entrevistados que apoiam o deputado federal Jair Bolsonaro (49% a favor; 42% contra) e o senador Álvaro Dias (Podemos). 36% dos eleitores de Alckmin aprovam a ideia e 57% se opõem. No total, 83% dos eleitores de Lula declararam ser contra as privatizações.
Os eleitores de Marina Silva são os que mais aprovam a ideia de um governo forte na economia (57%). Curiosamente, nesse aspecto, os apoiadores de Bolsonaro e de Lula se aproximam com 52% e 48% de aprovação, respectivamente. Eles são também os que apresentam as maiores taxas de rejeição à ideia com 40% e 39%, concomitantemente. Os eleitores indecisos, por sua vez, estão entre os que menos aprovam a ideia - 41% deles apoiam um Estado interventor, 35% se opõem e 24% não sabem responder.
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De longe, os entrevistados que declararam voto em Geraldo Alckmin são os que mais aprovam uma reforma da Previdência. No lado oposto estão os eleitores de Lula com apenas 28% de apoio à proposta, que será um dos principais desafios para o próximo presidente. Nesse assunto, a percepção dos eleitores hoje indecisos se aproxima da declarada pelos apoiadores de Lula e Ciro.
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Apesar de Bolsonaro jurar que não apoia uma intervenção militar hoje, seus eleitores registram a maior taxa de aprovação à ideia entre todos os eleitorado consultado pela pesquisa: 63% deles defendem a proposta. Entre todos os entrevistados, 52% reprovam a possibilidade de uma intervenção militar no país. Os eleitores indecisos acompanham a média do eleitorado nesse assunto: 38% são favoráveis à possibilidade.
Novamente, os apoiadores de Bolsonaro se distanciam da média: 74% apoiam a liberação do porte de armas para cidadãos comuns. Entre todos os eleitores, 43% aprovam a ideia e 52% a rejeitam. Os eleitores de Ciro, Marina e Lula são os que mais reprovam a proposta.
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Metade dos eleitores ouvidos pelo Ipespe/XP aprovam a implantação da pena de morte no país - a taxa é a mesma entre os eleitores indecisos. Com 66% de aprovação, os seguidores de Bolsonaro lideram o apoio à medida. A maior taxa de reprovação, por outro lado, fica entre os eleitores de Ciro e Alckmin.
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Entre todos os temas analisados, a redução da maioridade penal é aquele com a maior taxa de aprovação entre os entrevistados pela pesquisa: 81% se declararam favoráveis à medida. Com 95% de aprovação, os eleitores de Bolsonaro lideram o apoio à proposta. A rejeição, por outro lado, é maior entre quem declarou apoio a Lula e Ciro, com 23% e 25%. A taxa de rejeição entre os indecisos é de apenas 13%.
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Nesse assunto, a polarização fica entre os eleitores de Ciro Gomes e Álvaro Dias: enquanto 41% dos apoiadores do pedetista aprovam a legalização do aborto, apenas 11% dos que declararam apoio ao pré-candidato do Podemos concordam com a medida. Essa proporção é similar a do grupo dos eleitores indecisos. Entre eles, 13% afirmam apoiar a proposta. A taxa de aprovação entre todos os entrevistados é de 20%.
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Apesar de figurarem entre os eleitores que mais rejeitam a legalização do aborto, os apoiadores de Álvaro Dias compartilham a mesma taxa de aprovação dos eleitores de Lula quando questionados sobre a autorização de aborto em casos de estupro: 64% aprovam a medida. A aprovação entre os indecisos é de 51%.
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Os eleitores de Ciro e de Jair Bolsonaro polarizam esse debate. Enquanto 63% dos apoiadores do pedetista aprovam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, 57% de quem apoia o deputado do PSL diz ser contrário à medida. Entre os indecisos, 40% aprovam e 46% são contra.
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Os eleitores de Ciro Gomes são aqueles cuja opinião mais destoa da maior parte dos entrevistados pelo Ipespe: 39% deles aprovam a legalização da maconha. Entre todos os ouvidos pela sondagem, apenas 18% aprovam a proposta.