Eduardo Cunha: "As nuvens legais entorno de Cunha e Temer levantam preocupações sobre a legitimidade de um governo liderado pelo partido" (Shannon Stapleton / Reuters)
Luísa Granato
Publicado em 5 de maio de 2016 às 15h30.
São Paulo - Novamente, o mundo acompanha de perto mais um capítulo da crise política brasileira. Agora, é o deputado Eduardo Cunha que chama atenção das principais manchetes internacionais ao ser afastado da presidência da Câmara dos Deputados por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os jornais internacionais apontam Cunha como o principal "arquiteto" do atual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas não esperam que seu afastamento seja benéfico para salvar o atual governo.
Essa é a opinião do Financial Times, que vê a decisão de hoje como "mais um passo à frente das instituições brasileiras, como parte de uma iniciativa sem precedentes da parte dos juízes para responsabilizar políticos poderosos". Ele também analisa que isso enfraquece o argumento do impeachment como golpe.
Já o New York Times chama a atenção para a "mancha" que isso deixa para os possíveis sucessores de Dilma e para a inegibilidade do vice-presidente Michel Temer. "As nuvens legais entorno de Cunha e Temer levantam preocupações sobre a legitimidade de um governo liderado pelo partido, que recentemente quebrou a aliança com o Partido dos Trabalhadores para apoiar o impeachment", diz o jornal.
Destacando a disputa entre a presidente Dilma e Eduardo Cunha, o The Guardian escreve: "esses dois líderes impopulares lembraram gladiadores travando uma batalha sangrenta que os eleitores observam na esperança da morte de ambos".
A matéria elenca as diferentes acusações dos dois políticos, justificando a insatisfação dos brasileiros com ambos. O presidente da Câmara é acusado de "corrupção, obstrução de justiça e abuso de poder", enquanto a presidente da república é acusada pela "profunda recessão, crise política e corrupção generalizada" do país.
Com um último aviso, o jornal fala que Cunha "está longe de ser derrotado", enquanto prevê a aprovação do impeachment de Dilma no Senado.