Brasil

O que o MP descobriu sobre a corrupção na Petrobras

Veja detalhes de como funcionava o esquema que, por mais de 10 anos, desviou milhões de reais da maior estatal do país


	Guindastes trabalham na construção de um navio de produção de petróleo (FPSO) da Petrobras em um estaleiro de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Guindastes trabalham na construção de um navio de produção de petróleo (FPSO) da Petrobras em um estaleiro de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 19h11.

São Paulo - O Ministério Público denunciou, nesta quinta-feira, 36 pessoas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Entre elas, estão 22 executivos de grandes empreiteiras, o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal. Todos foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nas investigações, o MP descobriu detalhes de como funcionava o esquema que durou uma década e envolveu não só a maior empresa estatal do Brasil, mas também seis das maiores empreiteiras que atuam no país e políticos ligados a grandes partidos. 

Veja os detalhes de como funcionava a operação criminosa:

1. Crimes duraram quase uma década

Os desvios de dinheiro na Petrobras ocorreram entre 2004 e 2012. Alguns pagamentos, no entanto, se prolongaram até este ano.

2. Propina chegava a 5% dos contratos 

As empreiteiras pagavam propina para altos dirigentes da Petrobras em valores que variam de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários.

3. Empreiteiras formaram um "clube" para fraudar licitações

Os recursos foram desviados em fraudes nas licitações das empreiteiras com a Petrobras. As empresas formaram uma espécie de “clube” para driblar as licitações. Os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados em reuniões secretas para definir quem ganharia o contrato e qual seria seu valor. 

4. Regras inspiradas no futebol definiam qual empresa  ficaria com obra

O cartel possuía regras que simulavam um regulamento ou tabela de campeonato de futebol, para definir como as obras seriam distribuídas.

5. Esquema funcionava em 3 núcleos

O esquema era formado por 3 núcleos: o das empreiteiras, o dos agentes públicos (que recebiam as propinas) e o dos operadores financeiros, que intermediavam o esquema e faziam o pagamento das propinas.

6. A lavagem de dinheiro acontecia em duas etapas

Em um primeiro momento, os valores iam das empreiteiras até o operador financeiro (em espécie, por movimentação no exterior e por meio de contratos simulados com empresas de fachada). Depois, o dinheiro ia do operador até o beneficiário. O pagamento podia ser feito em espécie, por transferência no exterior ou até mesmo com bens, como um carro Land Rover que o doleiro Alberto Youssef deu a ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

7. Empresas fictícias mascaravam o esquema

O principal método de lavagem de dinheiro consistia na contratação fictícia, pelas empreiteiras, de empresas de fachada dos operadores, para justificar a ida do dinheiro das empreiteiras para os operadores.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoMinistério PúblicoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pde sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua