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O que mais preocupa o brasileiro no Brasil pós-impeachment

Segundo relatório da Ipsos, brasileiros querem um novo jeito de fazer política - mas Temer não necessariamente representa essa revolução


	O presidente interino Michel Temer em seu primeiro discurso no cargo: quando ele assumiu o comando do Planalto, sua taxa de desaprovação estava no mesmo nível que a de Dilma.
 (Adriano Machado/Reuters)

O presidente interino Michel Temer em seu primeiro discurso no cargo: quando ele assumiu o comando do Planalto, sua taxa de desaprovação estava no mesmo nível que a de Dilma. (Adriano Machado/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 6 de junho de 2016 às 19h46.

São Paulo – Depois de encher ruas clamando pelo impeachment e de ver a presidente Dilma Rousseff (PT) ser afastada, a principal inquietação dos brasileiros é de que, mesmo com a chegada de um novo governo ao poder, nada mude na política brasileira.

É o que revela estudo da empresa de pesquisas Ipsos realizado entre 29 de abril a 14 de maio com 1,2 mil pessoas de 72 cidades. A margem de erro é de 3 pontos percentuais. 

De acordo com o relatório Pulso Brasil, 14% dos entrevistados apontam que o que mais os preocupa neste período de transição de governos é de que tudo continue do mesmo jeito. Crise econômica, aumento da corrupção e a crise política vêm em seguida com 12% e 11%, respectivamente.

O resultado da pesquisa faz sentido quando se olha para a principal bandeira dos protestos dos últimos anos. Mais do que um novo gestor no Executivo federal, o que os brasileiros querem é uma revolução radical na maneira como se faz política. 

O problema é que, aparentemente, o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), ainda não representa, para a opinião pública, o papel de protagonista para tais transformações.

Mesmo com todo apoio da classe política, o peemedebista amargava, na época da pesquisa, uma taxa de desaprovação tão ruim quanto a de Dilma.

Segundo o relatório, 67% dos entrevistados naquele momento desaprovavam totalmente ou um pouco a atuação do então vice – nível semelhante ao de sua antecessora, cuja gestão, às vésperas da votação, era considerada como ruim ou péssima por 69% da população.

Em abril, a taxa de aprovação de Temer era de 24%. No mês seguinte, caiu para 16%. Como os dados foram coletados no período que antecedeu à posse do peemedebista e nos três primeiros dias da nova gestão, os números não abarcam uma suposta reação ao teor da estreia do governo interino - mas sinalizam os desafios que estão pela frente.

“Temer representa o político tradicional, a velha política”, diz Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs. “Falta uma agenda clara e o fato dele não ter uma imagem sólida como gestor”.

Pesa contra o presidente interino também a baixa taxa de credibilidade dos políticos em geral perante os brasileiros. Segundo o relatório, 78% dos entrevistados afirmaram que não confiam na classe política. Ao mesmo tempo, de cada 10 participantes da pesquisa, 7 se declararam favoráveis à realização de novas eleições presidenciais neste ano.

Por outro lado, a percepção do brasileiro sobre o rumo do país teve uma breve melhora no período analisado. Em março, 94% dos entrevistados consideravam que o Brasil estava no caminho errado. No mês seguinte, a taxa caiu para 88%. 

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