Veja como se prevenir da dengue em 2024 (Arquivo/Agência Brasil)
Redação Exame
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 14h17.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2024 às 14h18.
Quem assiste à TV aberta provavelmente já se deparou com uma propaganda de algum medicamento e, ao final da publicidade, o seguinte disclaimer: "esse medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue". Na bula desses remédios, que tratam dores musculares, gripes, febres e dores de cabeça, a mensagem se repete.
Nos últimos tempos, ter essa informação se tornou algo mais relevante do que o comum, porque a doença se tornou um assunto recorrente em 2024: o Brasil tem enfrentado um surto de casos, com 75 mortes causadas pelo vírus e há mais 340 óbitos em investigação, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Entre janeiro e fevereiro, o País já registrou 512 mil infectados pela doença em todo o território nacional.
Com a alta nos casos, sobem as campanhas contra água parada, para evitar que o mosquito se reproduza, e crescem as recomendações para uso de repelente. Mas só essas duas formas de prevenção não são suficientes para evitar as mortes por causa da doença: é necessário também conhecer os sintomas e saber quais os remédios certos para o tratamento da dengue.
A principal recomendação para as pessoas infectadas é procurar um hospital o mais rápido possível, posto que vários dos medicamentos usados para o tratamento dos sintomas da doença são contraindicados para pacientes com dengue. As recomendações também variam de acordo com qual vírus da doença a pessoa carrega.
Embora a doença seja comum no Brasil e atinja milhares de pessoas, não há um medicamento específico para a dengue. No entanto, princípios ativos como paracetamol e dipirona são os mais utilizados para amenizar a dor e o mal-estar causados pela deonça. Unidos a ele, os profissionais de saúde também indicam hidratação recorrente, posto que o vírus provoca inflação e faz o líquido "escapar" dos vasos sanguíneos.
Vale dizer que a indicação dos remédios para o tratamento da doença deve ser feita por um profissional de saúde.
Várias medicações são contraindicadas para o tratamento da dengue, como é caso de aspirinas, AAs, iboprofeno, nimesulida, prednisona, hidrocortisona e ivermectina. Entre os problemas gerados, o uso desses remédios pode acelerar o processo de inflação, causando sangramentos excessivos que podem evoluir para hemorragias e levarem o paciente a óbito.
A dengue pode apresentar quadro subclínico, ou seja, a pessoa tem a doença e não sente nada, até quadros gravíssimos que precisam de abordagem imediata; mas o quadro da dengue clássico é dado por febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular generalizada, vômitos e diarreia. Em casos de resolução espontânea os sintomas acabam em 7 dias.
O primeiro passo, quando tiver um dos sintomas, é buscar o diagnóstico médico, afirma a médica, que reforça que há muitos sintomas que podem ser confundidos com outras doenças como malária na região Norte, Covid, influenza e leptospirose. “É interessante que todos tenham acesso para o diagnóstico inicial para depois ser acompanhado com o tratamento ambulatorial correto até o fim da doença.
Outro alerta importante é se atentar aos sintomas mais graves que podem ser dor abdominal intensa, vômitos recorrentes, diminuição de volume urinário, sangramento pelas fezes ou vômitos. “Nestes casos é obrigatório a ida ao médico, porque será necessário alguma intervenção, como hidratação endovenosa”, afirma Araújo.
Tratamento da dengue não tem um antiviral específico, ele é majoritariamente de suporte, controla dor e demais sintomas do paciente, afirma Araújo. “Majoritariamente é uma questão de reposição hídrica, porque o paciente perde muito líquido”, diz a médica, que reforça que devemos ter cuidado com pseudo-tratamentos que estão sendo divulgados na internet hoje como ivermectina e outras drogas que não foram aprovadas no combate à dengue.
Uso de mosquiteiros e telas podem ser usados também, principalmente para a população que não pode receber o uso de repelentes, como bebês abaixo de 3 meses. “Os repelentes que temos no Brasil são eficazes contra o mosquito da dengue, e quanto mais concentrados estão no corpo mais tempo eles duram, por isso sugerimos aplicar mais de uma vez ao dia, de acordo com as indicações do produto e do limite de idade”, afirma Araújo.
Além da vacina contra a dengue para cidadãos entre 10 e 14 anos e do uso do repelente, outra medida importante no Brasil é a eliminação dos focos, afirma Croda, que reforça que terrenos baldios e casas abandonadas podem se tornar mega reservatórios, o que requer intervenção do poder público para eliminar esses focos da doença.
“O mais importante é que a população se mobilize para eliminar os focos de água parada dentro de casa ou na região onde mora, e essa ação tem que ser feita toda semana, porque o ciclo de vida do mosquito dura de 7 a 10 dias", diz o infectologista.
O Brasil já está aplicando doses de vacina contra a dengue, mas nessa primeira etapa, somente para crianças, que são consideradas grupo de risco. O estado de Goiás iniciou nesta quinta-feira, 15, a vacinação contra a dengue de crianças com 10 e 11 anos.
Mais de 151 mil doses foram distribuídas para 51 cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde. De acordo com o governo de Goiás, a expectativa é que outros municípios recebam o imunizante com a chegada de novas remessas ao país.