Tasso: o senador afirmou que continuará "até o fim com o projeto de reestruturar o PSDB" (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de novembro de 2017 às 19h36.
Brasília - Em mais um episódio da crise interna no PSDB, deputados da ala que defende o apoio do partido ao governo Michel Temer bateram boca com o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), que é favorável ao rompimento.
A briga ocorreu durante encontro da bancada tucana na Câmara. Segundo dois deputados que não quiseram se identificar, houve ameaças de agressão. "Esse PSDB desses caras não é o meu PSDB", disse Tasso.
A reunião foi convocada pelo líder do PSDB na Casa, deputado Ricardo Tripoli (SP), para que a empresa Ideia Big Data fizesse uma exposição sobre o plano de reestruturação de comunicação do partido nas redes sociais. A empresa foi contratada por Tasso recentemente.
A discussão começou quando os deputados Domingos Sávio (MG), Paulo Abi-Ackel (MG) e Giuseppe Vecci (GO) criticaram a contratação da empresa. Os três parlamentares são aliados do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da sigla.
A contratação gerou reações negativas porque o vice-presidente de Digital da empresa, Moriael Paiva, foi responsável pela campanha do governador Fernando Pimentel (PT) em 2014, que derrotou a candidatura do tucano Pimenta da Veiga, apoiado por Aécio, ao governo de Minas.
"Coloquei que era um absurdo contratar uma empresa que fez uma campanha com ataques que considero criminosos ao PSDB de Minas. Mostrei que era inaceitável contratar uma empresa dessas", disse Sávio.
O parlamentar afirmou que a empresa tem ligações com a agência de propaganda Pepper. Contratada pela campanha eleitoral da presidente cassada Dilma Rousseff em 2014, a Peper atualmente é investigada pela Operação Acrônimo por suspeita de lavagem de dinheiro.
O deputado mineiro acusou ainda o dono da empresa de fazer postagem nas redes sociais atacando tucanos. "O dono dessa empresa vem fazendo, por exemplo, postagens com ataque ao governador Geraldo Alckmin (de São Paulo)", afirmou.
Os ânimos se exaltaram quando Vecci questionou Tasso se ele será candidato a presidente do PSDB na eleição interna marcada para dezembro.
"O Tasso parece que ficou nervoso com essa pergunta, mas não quis responder. Nesse momento, nosso tom de voz e do Tasso aumentou", contou Sávio.
Integrante da ala oposicionista, o deputado Daniel Coelho (PE) confirmou que o clima da reunião ficou ruim e alguns deputados se levantaram para tentar pedir que Sávio, Vecci e Abi-Ackel parassem de "tumultuar". Após a confusão, os três deixaram a reunião.
Após a reunião, Tasso classificou o episódio como "uma reação delirante" e "uma coisa meio atabalhoada".
"Foi uma reação delirante de Minas e Goiás. Não entendi, uma coisa atabalhoada", disse.
O senador afirmou que, enquanto for presidente interino, continuará "até o fim com o projeto de reestruturar o PSDB".
Tasso disse também que manterá a contratação do publicitário, que ele diz ter conhecido como assistente do ex-ministro falecido Sérgio Motta e que atuou em campanhas do PSDB, como a do senador José Serra ao governo de São Paulo e a de Aloysio Nunes (SP) ao Senado.