TEMER E MORAES, O MINISTRO DA JUSTIÇA: após o massacre de Carandiru, o então secretário de Segurança afirmou que os policiais precisavam de “repouso e meditação” / Ueslei Marcelino/ Reuters
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 05h37.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h35.
O massacre de Manaus reacende o debate sobre a estratégia de governo de Michel Temer. O presidente tem apenas 10% de aprovação popular, segundo a última pesquisa Datafolha, e em dezembro afirmou que iria aproveitar os números ruins para “tomar medidas impopulares”. Falava, evidentemente, de pautas em tramitação no Congresso, como a reforma da Previdência. O governo conseguiu maior fidelidade de deputados e senadores nos primeiros seis meses de mandato que seus três antecessores – na PEC do teto de gastos, 92% dos deputados votaram com o Planalto.
Mas o silêncio sobre Manaus tem provocado reações da base aliada, que incita o presidente a sair de Brasília. Temer relutou em ir ao velório das vítimas do voo da Chapecoense, faltou ao velório do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, em São Paulo, e, mesmo com o país precisando desesperadamente de investimentos externos, cancelou a ida ao Fórum Econômico de Davos.
Entre analistas políticos consultados por EXAME Hoje, é unanimidade que as medidas de desafogo da economia devem ser prioridade. Mas, para manter a governabilidade pelos próximos dois anos, Temer precisaria, sim, sair de seu castelo. “O mercado financeiro está de olho se as reformas passam ou não. Mas Temer precisa viajar mais e se comunicar melhor com todas as classes sociais sobre o que tem sido feito, e para quê”, afirma Lucas de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice e colunista de EXAME Hoje.
“É um plano de governo muito arriscado, pois o Congresso vem sendo cada vez mais uma caixa de ressonância da opinião pública e sem apoio popular, essas reformas estruturantes são difíceis de aprovar”, diz Wagner Parente, diretor da consultoria política Barral M Jorge.
Nesta quinta-feira, às 10h30, o presidente comanda reunião com ministros para discutir a situação carcerária do país. Uma declaração pública ainda não está prevista. Em 1992, Temer foi chamado pelo governador paulista Luiz Antônio Fleury Filho para reassumir a secretaria de Segurança Pública após o massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que os policiais que participaram do massacre precisavam de “repouso e meditação. Uma declaração desastrada como essa, certamente, não se repetirá.