Jair Bolsonaro: presidente ressaltou que parte do óleo pode ter ido para outro lugar (José Dias/PR/Flickr)
Reuters
Publicado em 4 de novembro de 2019 às 09h29.
Última atualização em 4 de novembro de 2019 às 11h51.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à TV Record no domingo, que "o pior ainda está por vir" e que pode ocorrer uma "catástrofe muito maior" no derramamento de óleo que chegou à costa brasileira, já que o material recolhido até agora seria apenas uma parte do que teria sido derramado.
De acordo com as últimas informações da Marinha, cerca de 4 mil toneladas de óleo foram retiradas das praias e do mar no Nordeste, mas o governo não sabe o quanto mais ainda pode chegar. No última final de semana, o óleo começou a se aproximar do arquipélago de Abrolhos, área considerada de maior diversidade marinha no Atlântico Sul.
"A notícia ruim: o que chegou até agora e foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado, então o pior ainda está por vir, não sei se na costa do Brasil", disse Bolsonaro.
O presidente ressaltou que parte do óleo pode ter ido para outro lugar, mas as correntes marinhas indicam que o caminho natural seria a costa brasileira.
"Então nós temos um anúncio ainda de uma catástrofe muito maior que está por ocorrer por causa desse vazamento que, pelo que tudo parece, foi criminoso", disse.
Na semana passada, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontou o navio grego Bouboulina como o mais provável responsável pelo derramamento. O navio teria sido abastecido no Porto de José, na Venezuela e zarpado no dia 18 de julho com destino à Malásia. A empresa Delta Tankers, proprietária do navio, nega responsabilidade.
Em outro tema tratado na entrevista, a crise com o PSL, seu partido, Bolsonaro disse que tem hoje 80% de chances de deixar a sigla e 90% de criar um novo partido.
O presidente reclamou que hoje é responsabilizado por quaisquer notícias de desvios de recursos no partido e por isso a única maneira de ficar no PSL seria ter o comando da sigla.
"Ou passo a ter o comando das ações do partido, para a gente acabar com isso, abrir se tiver alguma caixa-preta, e começar a fazer com o que fundo partidário vá para onde tem que ir", disse. "O que pode acontecer? Eu posso sair do partido. Quero apenas que seja cumprida uma determinação: transparência".
Inicialmente, Bolsonaro foi desaconselhado por seus advogados a criar um novo partido, dadas das dificuldades para recolhimento de assinaturas e, segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga --hoje um dos conselheiros do presidente nesta questão — a má vontade da população com a criação de novas siglas.
No entanto, o presidente agora acredita que é muito difícil assumir o controle do PSL, e disse que seu sonho seria a criação de um novo partido.
"Meu sonho, acho muito difícil eu assumir o comando do partido (PSL), é criar um partido agora, que a gente pode colher assinatura eletrônica junto ao eleitorado. Até março teria um partido, e eu teria ali, dos quase 6.000 municípios, talvez umas 200 candidaturas pelo Brasil. Estaria feliz com isso porque poderia escolher de fato quem poderia concorrer", defendeu.
Para o registro de um novo partido ser aceito pelo TSE são necessárias hoje 491.967 assinaturas, o que representa os 0,5% do total de votos dados na eleição de 2018 para a Câmara dos Deputados, como exige a legislação. Essas assinaturas ainda precisam ser coletadas em no mínimo 9 estados.
O presidente confirmou ainda que o novo pacote de medidas econômicas será entregue pessoalmente por ele e o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira ao Congresso.
Segundo a Reuters apurou, a expectativa é que as medidas do pacto federativo sejam apresentadas ao Senado, por onde começarão a tramitar, às 11h. Uma coletiva à imprensa deverá ser realizada no mesmo dia.