Pernambuco: ninguém sabe quanto petróleo ainda chegará às praias nordestinas (Diego Nigro/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2019 às 06h59.
Última atualização em 24 de outubro de 2019 às 07h08.
A quinta-feira começa com o governo brasileiro ampliando a pressão sobre a Venezuela na onda de poluição por petróleo nas praias do Nordeste. Em declaração ontem, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que mandasse um ofício para que o regime de Nicolás Maduro explique de onde vem a substância.
Ter certeza sobre a origem dos vazamentos é essencial — e é sintomático que dois meses após o aparecimento das primeiras manchas ainda exista incertezas na mesa sobre esta questão. Mas o óleo no Nordeste reforça a importância do Brasil de investir na prevenção e na resposta a desastres ambientais, como mostra a edição de EXAME desta quinta-feira.
Em entrevista à GloboNews ontem, o governo baiano, Rui Costa (PT), voltou a criticar a demora do governo em medidas de contenção. “As medidas parece que se resumem a culpar outro país”, afirmou. Na falta de uma autarquia com capacidade técnica, a própria Petrobras foi acionada para coletar amostras do óleo e apontar sua origem. Enquanto isso, o trabalho de limpeza das praias segue nas mãos de voluntários misturados a militares e agentes públicos, num improviso total.
“A ação do governo poderia ter sido mais rápida, faltou colcoar em prática um plano de contenção de danos mais efetivo”, afirmou Vanderlei Oliveira, diretor da RTA Ambiental, consultoria que presta esse tipo de serviço para a indústria extrativa. “O país precisa estar pronto para executar planos de emergência rapidamente, ainda mais em um horizonte de avanço na produção de petróleo”.
O especialista se refere ao leilão da cessão onerosa do pré-sal, previsto para o dia 6 de novembro e que atraiu o interesse de 14 grandes petroleiras internacionais. Junto com outros leilões, este próximo deve ajudar a dobrar a produção de petróleo no Brasil até 2030, reduzindo a concentração na Petrobras. É um novo cenário que vai demandar mais do governo.
“O foco precisa ser o fortalecimento da Agência Nacional do Petróleo, com mais recursos e funcionários. O papel ‘fantasma’ das agências reguladoras pode ser um grande problema para a indústria petrolífera no futuro”, afirmou Juarez Fontana, sócio da consultoria especializada em óleo e gás Argusplat.
Mais de mil toneladas de petróleo já foram retiradas das praias nordestinas — e ninguém sabe até onde a conta pode chegar.