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O labirinto de Lula: caminho do petista fica mais difícil

Lula foi condenado na semana passada pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Adriano Machado/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Adriano Machado/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de julho de 2017 às 16h01.

Última atualização em 24 de julho de 2017 às 10h53.

Luiz Inácio Lula da Silva tem uma obsessão: voltar a presidir o Brasil em 2018, mas o caminho fica cada dia mais difícil para o líder da esquerda, condenado por corrupção e inserido em um labirinto judicial que pode levá-lo à prisão.

"O círculo está se fechando para Lula", afirmou na sexta-feira à AFP o analista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília, no dia seguinte à manifestação convocada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que mobilizou poucos milhares de apoiadores.

Lula foi condenado na semana passada pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão como proprietário de um apartamento tríplex no balneário de Guarujá (São Paulo), oferecido pela construtora OAS em troca de sua influência para obter contratos na Petrobras.

Moro decretou nesta semana o bloqueio de todas as contas bancárias e bens do ex-presidente, incluindo dois planos previdenciários que somam nove milhões de reais.

O magistrado convocou o ex-presidente para depor no dia 13 de setembro em outro dos cinco processos que enfrenta. O depoimento poderá ser feito por teleconferência.

Argumentando que pretendia evitar o "trauma" de prender um ex-presidente, Moro autorizou Lula a recorrer em liberdade, deixando seu futuro nas mãos de um tribunal de segunda instância com sede em Porto Alegre.

As atenções estão voltadas agora para os três juízes dessa corte, que poderão abrir seu caminho para Brasília ou para a prisão. Especialistas acreditam que essa decisão deve demorar cerca de um ano.

"Lula está tentando manter uma imagem limpa, positiva (para a eleição de 2018), mas é difícil", acrescentou Fleischer.

Última carta?

Lula não tem ficado calado. De família pobre, sem estudo superior e perdedor de três eleições antes de ser presidente, o histórico líder sindical sabe o que é percorrer um caminho improvável para chegar ao Palácio do Planalto. Aos 71 anos, ele tem recorrido às suas velhas armas.

Hiperativo e com a retórica em forma, ele não tem deixado de denunciar o "massacre" do qual afirma ser vítima para afastá-lo da corrida eleitoral, na qual aparece como favorito nas pesquisas.

"Como eles não conseguem me derrotar na política, eles querem me derrotar com processos", afirmou no ato convocado em sua defesa na última quinta-feira em São Paulo.

"Se o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro tiverem uma prova de que desviei cinco centavos, apresentem e me desmoralizem e me prendam", gritou com sua voz característica aos militantes fiéis reunidos no coração da capital financeira do país.

"Lula quer manter o PT vivo e sabe que nas condições atuais (com vários integrantes presos e processados) ele é o responsável e se mantém no combate", disse à AFP André César, analista da consultora Hold, em Brasília.

'Afrodisíaca'

O PT não está em seu melhor momento, sobretudo após o traumático impeachment de Dilma Rousseff, que pôs fim a um ciclo de 13 anos de governos de esquerda.

A Lava-Jato e a derrota histórica nas eleições municipais de outubro completaram uma tempestade perfeita para o PT, para a qual a cúpula só vê uma saída: Lula.

"Ainda tem cartas na mão, mas poucas: a militância que diminuiu, áreas das classes C, D e E que ascenderam com seu governo e sentem saudades", opinou César.

Mesmo sem saber quanto tempo a disputa levará, Lula já anunciou que apostará alto. Antes de se despedir, na quinta-feira, dos militantes que pediam sua volta, prometeu que este ato seria apenas o primeiro de muitos "dentro e fora do país".

O país está dividido entre os que veem em Lula o líder brilhante de um Brasil que seduzia o mundo há uma década e os que o consideram responsável pelos excessos que mergulharam o país na crise.

Liderando as intenções de voto e de rejeição, o ex-presidente já deixou claro que não pensa em parar. "A política é afrodisíaca", reconheceu em conversa com jornalistas transmitida pela internet na última quinta.

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