Brasil

Assassinatos migram para o interior do Brasil

Levantamento mostra que as capitais estão sofrendo menos o aumento dos homicídios que o interior do país. Política de segurança concentrada nas grandes cidades pode ser explicação

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2013 às 18h28.

São Paulo – Entre 2001 e 2011, a taxa de homicídios cresceu 66% no estado de Minas Gerais. Já na capital Belo Horizonte, o crescimento do mesmo índice foi menor, 15%. Os números são uma prova do que o estudo Mapa da Violência 2013, divulgado hoje sob a coordenação do professor Julio Jacobo Waiselfisz, chama de "interiorização" da violência no país. 

Desde 2003, as taxas de homicídio por cem mil habitantes vêm diminuindo nas grandes metrópoles do Brasil. Ou seja, as cidades maiores, em geral, têm ficado mais seguras, enquanto as antes vistas como “pacatas” cidades interioranas sofrem com um aumento gradual da violência.

Segundo o estudo, trata-se de uma evidência de que as autoridades fizeram e vêm fazendo o dever de casa pela metade. "Podemos inferir a existência de estratégias de enfrentamento da violência fortemente centradas nas capitais, mas que não atingem o interior dos estados", ressalta o levantamento.

Segundo Waiselfisz, até 1996 se verificava um crescimento dos homicídios nas capitais brasileiras, mas esse crescimento “praticamente estagna até o ano de 2003”. A partir daí, o cenário mudou. Confira a tabela abaixo:

  1980-1996 1996-2003 2003-2011
Brasil 111,90% 16,50% -6%
Capitais 121% 0,90% -20,90%
Interior 69,10% 30,40% 23,60%

O fenômeno fica explícito na grande maioria dos estados brasileiros, onde a taxa de assassinatos, em geral, cresceu menos nas capitais em relação ao total da unidade federativa. No Acre, por exemplo, houve um crescimento de 6% nas taxas de homicídio entre 2001 e 2011, mas a capital, Rio Branco, teve uma queda de 34,9%.

Unidade Federativa Crescimento da taxa de homicídio (%) Capital Crescimento da taxa de homicídio (%)
Acre 6 Rio Branco -34,9
Amapá -17,6 Macapá -25,1
Amazonas 118,7 Manaus 122,8
Pará 165,8 Belém 63,1
Rondônia -29,3 Porto Velho -35,2
Roraima -34,9 Boa Vista -34,7
Tocantins 35,4 Palmas 15,4
Alagoas 146,5 Maceió 87,3
Bahia 223,6 Salvador 190,9
Ceará 90,1 Fortaleza 93,6
Maranhão 153,1 São Luís 101,8
Paraíba 202,3 João Pessoa 108,9
Pernambuco -33,4 Recife -41,3
Piauí 51,2 Teresina 44,2
Rio Grande do Norte 190,2 Natal 212,9
Sergipe 20,8 Aracaju -21,8
Espírito Santo 1,6 Vitória -33,5
Minas Gerais 66 Belo Horizonte 15
Rio de Janeiro -43,9 Rio de Janeiro -58,4
São Paulo -67,7 São Paulo -81,3
Paraná 50,7 Curitiba 68,8
Rio Grande do Sul 6,9 Porto Alegre 1,3
Santa Catarina 49,4 Florianópolis 19,6
Distrito Federal 1,4 Brasília 1,4
Goiás 69 Goiânia 69,4
Mato Grosso -16 Cuiabá -40,9
Mato Grosso do Sul -8 Campo Grande -37,2
Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrimecrime-no-brasilDados de BrasilMortesViolência urbana

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho