Brasil

O governo acabou na Câmara, diz Cunha

Para Cunha, o período em que se aguarda a decisão do Senado é difícil porque "não há diálogo, nem com quem dialogar" no governo


	Eduardo Cunha: "O problema é que não tem governo, o governo não existe na Câmara. Não existe nem para encaminhar votação"
 (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Eduardo Cunha: "O problema é que não tem governo, o governo não existe na Câmara. Não existe nem para encaminhar votação" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2016 às 15h50.

Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta quinta-feira, 28, que a Casa esteja paralisada em virtude do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que agora está no Senado.

Ele, no entanto, admitiu que o ritmo dos trabalhos dos deputados foi desacelerado.

"O problema é que não tem governo, o governo não existe na Câmara. Não existe nem para encaminhar votação. O partido do governo está obstruindo (a votação) de sua própria Medida Provisória. A verdade é que o governo acabou na Casa", resumiu.

Para Cunha, o período em que se aguarda a decisão do Senado é difícil porque "não há diálogo, nem com quem dialogar" no governo.

Ele afirmou que não houve paralisia nos trabalhos da Câmara, lembrou que as comissões permanentes já foram escolhidas e começarão a funcionar na próxima semana. "Vai continuar havendo votações", declarou.

Hoje, por exemplo, foi votado um pedido de urgência para a proposta de reajuste do Judiciário, mas Cunha ressaltou que não há, ainda, acordo para votação do mérito da matéria.

Ele negou que tenha dito que a Câmara não votaria nada durante o processo de impeachment, mas comentou que não havia vontade política entre os líderes partidários para votar.

"Obviamente não estamos num ambiente de normalidade. Esse ambiente só voltará a uma normalidade após a decisão política que o Senado vai proferir, seja ela qual for, então obviamente que a Casa e o mundo político estão em compasso de espera por essa situação, mas isso não significa que não vamos continuar funcionando", afirmou.

Ataques

Alvo todos os dias de ataques duros e discursos incisivos dos adversários, que não cansam de chamá-lo nas sessões plenárias de "bandido", "corrupto" e "gângster", Cunha voltou a prometer que vai entrar com queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os parlamentares e pedirá a abertura de processo na Corregedoria da Casa contra os que saíram da crítica política e partiram para a agressão e a ofensa pessoal.

O peemedebista - que costuma ignorar os ataques e atuar como se não tivessem falando dele - disse que não cairá no "golpe" dos que querem provocar uma reação destemperada dele, e afirmou que está sendo atacado por "membros de uma organização criminosa que é o PT".

"Na verdade o que está havendo é um desespero, um desespero de quem vai perder as suas boquinhas, de quem está saindo do governo e não se conforma com o resultado da votação. Esse desespero que está sendo colocado por esse partido assemelhado a uma organização criminosa, que não tem autoridade moral para atacar quem quer que seja e fica tentando. Funciona como um punguista na praça, que bate a carteira e grita 'pega ladrão'", reagiu.

CCJ

Para o presidente da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR) é um dos melhores deputados para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele destacou que, assim como toda a bancada do PMDB, Serraglio também é um "aliado".

"Osmar é um dos melhores quadros dessa Casa, relator da CPI do Mensalão. Graças a ele muitas das condenações do Mensalão puderam ocorrer, então ele tem um grande mérito no combate à corrupção do PT no governo", elogiou.

Cunha avisou que entrará com outros recursos na CCJ, além do que já existe na comissão e aguarda análise, contra seu processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética.

O peemedebista deixou claro que conta com a celeridade na apreciação de seus pedidos, independentemente da comissão ser comandada pelo PMDB.

"É uma coisa que deverá ter celeridade num recurso dessa natureza em qualquer circunstância, não tem nada a ver com o PMDB", disse.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CunhaGoverno DilmaImpeachment

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP