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O ano de 1974: o caminho do Brasil na era pós-milagre

Nos últimos degraus de um crescimento explosivo, a crise do petróleo exigiu a resiliência da indústria automobilística enquanto o governo inaugurava um novo plano econômico voltado para a distribuição de renda

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de junho de 2023 às 16h58.

Última atualização em 29 de junho de 2023 às 17h28.

No apagar das luzes do chamado "Milagre Econômico Brasileiro", o ano de 1973 apresentou ao Brasil novos desafios econômicos.. Ao fim do período, marcado por um crescimento acelerado do produto interno bruto (PIB), com uma taxa média de 11,1% ao ano entre 1968 e 1973, surge um cenário contrastante, quando o país se viu confrontado pela crise do petróleo, fator global que balançou a economia interna altamente dependente de importações.

Nesse cenário, estreava o anuário MELHORES E MAIORES, com a missão de destacar e premiar as melhores empresas do Brasil em seus setores de atividade. Um trabalho que, em seu formato inicial, elencava apenas as líderes de seus setores baseadas na receita anual. Sendo assim, a campeã na primeira edição foi Mahle Metal Leve, uma das joias da indústria automobilística brasileira e que aproveitava os frutos da boa fase econômica dos anos anteriores.

Fundada em São Paulo, em 1954, pelos irmãos Ernst Mahle e Hermann Mahle, engenheiros da Alemanha, a empresa se destacou na produção de peças de motores — anéis de pistão, pistões e outras peças automotivas de importância vital. O escopo do trabalho da empresa, porém, estendia-se além do mundo automotivo. Compressores e turbinas a gás, motores de combustão interna, e até mesmo componentes para a indústria aeroespacial, eram fabricados pela Mahle.

Dada a robustez dos negócio, a crise do petróleo, apesar de ter impacto particularmente forte no Brasil, não seria tão avassalador para a companhia, que ainda venceria outras edições de MM nos anos seguintes.

Importante para o EXAME e também para a Mahle, o ano de 1974 permanece como um período de transição na história econômica brasileira.

E embora tenha sido marcado por desafios, ocorreu o início do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Um pacote de investimentos ambicioso, que buscou não apenas sustentar o crescimento mas também introduziu medidas para promover a distribuição de renda. A intenção era clara: tornar o Brasil não apenas uma nação economicamente forte mas também socialmente justa. Foi uma tentativa valiosa de reduzir as desigualdades sociais no país, ainda que seus efeitos negativos fossem aparecer na década seguinte.

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