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Nuzman atraiu empresas e dinheiro público para o COB

Foi sob o seu comando que o COB passou a contar, a partir de 2001, com recursos da leu que destina parte da arrecadação das loterias federais ao esporte

Carlos Arthur Nuzman: valor de repasses foi se multiplicando ao longo dos anos, com o COB trabalhando com uma estimativa de arrecadar R$ 210 mi em 2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Carlos Arthur Nuzman: valor de repasses foi se multiplicando ao longo dos anos, com o COB trabalhando com uma estimativa de arrecadar R$ 210 mi em 2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 09h42.

São Paulo - Preso nesta quinta-feira acusado de fazer parte de suposto esquema de compra de votos para que o Rio fosse a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, de 75 anos, anos conseguiu transformar uma entidade privada em uma organização multimilionária graças à injeção de dinheiro público.

Foi sob o seu comando que o COB passou a contar, a partir de 2001, com recursos da Lei Agnelo/Piva, que destina parte da arrecadação das loterias federais ao esporte. Se em 2002 o montante dos repassados foi de R$ 50 milhões, esse valor foi se multiplicando ao longo dos anos, com o COB trabalhando com uma estimativa de arrecadar R$ 210 milhões em 2017.

Mesmo assim, Nuzman não conseguiu fazer do Brasil uma potência olímpica depois de duas décadas no comando do COB. Presidente da entidade desde 1995, o dirigente fracassou ao não atingir a meta proposta por ele mesmo de colocar o Brasil entre os dez primeiros colocados no ranking de medalhas nos Jogos do Rio. Com 19 pódios (sete ouros, seis pratas e seis bronzes), o País ficou apenas na 13.ª colocação.

Enfraquecido politicamente, Nuzman também acumulou derrotas antes da sua prisão nesta quinta-feira. Em abril deste ano, por exemplo, perdeu a eleição à presidência da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa).

Apontado como favorito, acabou ficando em terceiro - e último - lugar. No mês seguinte, pediu demissão da Organização Desportiva Sul-Americana (Odesur), entidade que presidia havia 14 anos.

Nuzman ganhou destaque no cenário esportivo com uma carreira que chamou atenção pela rápida ascensão. Como jogador de vôlei, defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Após abandonar as quadras, com apenas 32 anos assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Vôlei em 1975.

Liderou, em 1979, um movimento de oposição ao major Silvio de Magalhães Padilha ao lançar a sua candidatura ao COB, mas acabou derrotado. Em 1990, assumiu a vice-presidência da entidade, sendo eleito presidente em 1995. Com ações de marketing consideradas inovadoras à época, Nuzman fez com que novos grupos de investidores entrassem no esporte e os patrocinadores passaram a ter maior visibilidade na mídia.

Após os Jogos do Rio, no entanto, a entidade perdeu o aporte financeiro de várias empresas e agora se vê envolvida num esquema internacional de corrupção.

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