Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 6 de junho de 2025 às 10h48.
Em 12 anos, o número de evangélicos no Brasil cresceu 5,2 pontos percentuais, enquanto o de católicos caiu 8,4 pontos, segundo dados do Censo Demográfico 2022: Religiões - Resultados Preliminares da Amostra, divulgados nesta sexta-feira, 6, pelo IBGE.
De acordo com os dados, em 2010 o Brasil tinha 35 milhões de evangélicos. Atualmente, o número é de 47,4 milhões, um aumento de 12,4 milhões de fiéis.
O segmento religioso é o que ganha mais adeptos no país. O número triplicou em 30 anos. Em 1991, apenas 9% se declarava protestante. Apesar da alta, essa é a menor taxa de evolução desde 2000. Nas duas edições anteriores do Censo essa taxa foi maior do que 6.
O número de católicos caiu de 100,2 milhões para 105,4 milhões, cerca de 5,4 milhões de fiéis a menos em 12 anos. A tendência de queda ocorre desde 1980, quando 89% da população afirmava que seguia os preceitos da igreja católica.
A religião ainda é majoritária no Brasil, com 5,3 mil dos 5,5 municípios brasileiros se declarando católico. Em 4,8 mil dessas cidades também há maioria de fiéis dessa religião — ou seja, mais da metade das pessoas se declarou católica.
Além disso, 20 municípios ainda têm mais de 95% da população fiel ao Papa, um índice que o Brasil não registrava desde o Censo de 1940. Dessa lista, 14 cidades são do Rio Grande do Sul, como Montauri, Centenário, União da Serra e Vespasiano Corrêa. De modo geral, essas localidades são marcadas pela colonização italiana ou polonesa.
Segundo Maria Goreth Santos, analista responsável pelo tema, o Censo evidencia a consolidação das mudanças no perfil religioso do Brasil.
“As transformações sociais têm resultado em modificações na metodologia do Censo ao longo das décadas. A atualização dos códigos, banco descritivo, estrutura classificatória e a incorporação de novas religiões foram necessárias para refletir a diversidade religiosa no Brasil da forma mais fiel possível”, afirma.
Houve um aumento nas religiões de umbanda e candomblé, que passaram de 0,3% em 2010 para 1,0% em 2022, e nas outras religiosidades, que cresceram de 2,7% para 4,0%. Já a religião espírita teve uma leve queda, de 2,2% para 1,8%. As religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.
Segundo o Censo, o Rio Grande do Sul é o estado com a maior proporção de pessoas adeptas de religiões como umbanda, candomblé e outras tradições afro-brasileiras, com 3,2% da população se declarando seguidora dessas crenças. Esse índice é significativamente maior do que o registrado em estados com maior presença de pessoas pretas ou pardas, como a Bahia e o Rio de Janeiro, que têm, respectivamente, 1% e 2,5%.
Além do aumento no número de adeptos, também houve uma interiorização dessas religiões. Em 2010, 3,9 mil cidades do país não tinham nenhum seguidor de umbanda ou candomblé, enquanto, em 2022, esse número caiu para 1,8 mil, menos da metade do registrado há 12 anos.
O Censo mostra que a população sem religião segue crescendo no Brasil, passando de 7,9% em 2010 para 9,3% em 2022, o que representa 16,4 milhões de pessoas. A maioria dessa população é composta por homens, que representam 56,2% (ou 9,2 milhões) do total de indivíduos de 10 anos ou mais de idade.
A Região Sudeste, com 10,6% de sua população sem religião, foi a única a registrar uma proporção superior à média nacional, com 7,9 milhões de pessoas. Em contrapartida, a Região Sul teve a menor proporção, com 7,1%.
Entre os estados, Roraima e Rio de Janeiro destacaram-se com as maiores proporções de pessoas sem religião (16,9%), enquanto Piauí (4,3%), Ceará (5,3%) e Minas Gerais (5,7%) apresentaram os índices mais baixos.