Brasil

Número de eleitores que não votaram bate recorde e é o maior desde 1989

Ao todo, 42,1 milhões de eleitores — cerca de um terço do total de votantes — não escolheram nem Bolsonaro nem Haddad para comandar o país

Urna: em números totais, o capitão reformado teve 36,4% dos votos e o ex-prefeito de SP, 29,7%.  (Dado Galdieri/Bloomberg)

Urna: em números totais, o capitão reformado teve 36,4% dos votos e o ex-prefeito de SP, 29,7%.  (Dado Galdieri/Bloomberg)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 10h34.

Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 10h48.

São Paulo — O número de brasileiros que decidiram não votar no segundo turno das eleições presidenciais deste ano bateu recorde desde o período de redemocratização do país, em 1989.

Ao todo, 42,1 milhões de eleitores — cerca de um terço do total de votantes — não escolheram nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Fernando Haddad (PT) para comandar o país pelos próximos quatro anos.

Neste domingo, 2,4 milhões de brasileiros escolheram a opção branco e 8,6 milhões optaram pelo nulo. Eles representam 9,5% dos 147,3 milhões de eleitores brasileiros.

Por sua vez, outros 31 milhões de brasileiros deixaram de ir votar, ou seja, 21,3% do eleitorado.

Em relação às eleições de 2014, houve uma alta de 22% na taxa de pessoas que não votaram. Na disputa de quatro anos atrás, foram registrados 1,9 milhão de votos em branco, 5,2 milhões de nulos e 30,1 milhões de abstenções.

O candidato vencedor, Jair Bolsonaro, foi escolhido por 57,7 milhões de brasileiros. Seu adversário, Fernando Haddad (PT), foi opção de outros 47 milhões.

Em números totais, o capitão reformado teve 36,4% dos votos e o ex-prefeito de SP, 29,7%.

Maior alta desde a redemocratização

Na primeira eleição direta após o fim da Ditadura Militar, brancos e nulos somaram 5,8% do eleitorado, equivalente a 4 milhões de pessoas. Naquele pleito, as abstenções somaram 14,4%, quase 12 milhões do eleitorado.

Para Maurício Fronzaglia, professor de Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), o resultado expressa desconfiança e descrédito em relação à política e às mudanças que essa eleição poderia trazer.

"Em uma eleição muito polarizada, uma boa parte do eleitorado não se sentiu representado por nenhum dos lados. E não conseguiu escolher entre eles, nem mesmo entre o menos pior", afirma.

Segundo o especialista, isso pode representar até mesmo uma descrença no próprio processo eleitoral. "Até que ponto a democracia representativa ainda se encaixa no nosso tempo? Ela foi pensada e adequada para a maioria dos países nas últimas décadas, quando o mundo era diferente. Está faltando um update (atualização) nas regras de funcionamento da democracia representativa", explica.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Fernando HaddadJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP