Bolsonaro: grupo chefiado pelos militares será responsável pela transição em áreas como saúde, segurança, infraestrutura, trabalho, meio ambiente, internacional, justiça e defesa (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 11h27.
Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 11h28.
Brasília - Os diferentes grupos que assessoraram o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha começaram a definir a equipe que atuará na transição do governo. O chamado "grupo de Brasília", comandado pelos generais da reserva Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira, já submeteu uma lista de 25 nomes ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que deve coordenar a transição.
As outras indicações, segundo apurou o Estadão/Broadcast, serão feitas pela equipe econômica da campanha, que teve o economista e futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, à frente, e pelo núcleo político. Heleno já foi anunciado como futuro ministro da Defesa por Bolsonaro, enquanto Ferreira deverá ocupar alguma pasta na área de infraestrutura.
O grupo chefiado pelos militares será responsável pela transição em áreas como saúde, segurança, infraestrutura, trabalho, meio ambiente, internacional, justiça e defesa. Entre os nomes indicados estão o do professor universitário Paulo Coutinho, para a área de ciência e tecnologia; do diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) Alexandre Ywata, para meio ambiente; do consultor e coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Luiz Blumm, para saúde e defesa; e do tenente-coronel dos Bombeiros Paulo Roberto, para a educação.
São pessoas que já vinham se reunindo em um hotel em Brasília para assessorar a campanha de Bolsonaro - alguns em contato direto com o então candidato -, municiando estudos e projetos tocados pelo grupo de generais.
Embora longe do núcleo mais próximo do candidato, o grupo formado pelo militares foi um dos pilares da campanha que elegeu Bolsonaro, dando respaldo para propostas em áreas como infraestrutura. A ideia é que eles tomem pé da situação de cada ministério e comandem os grupos temáticos que atuarão no centro de transição, montado no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Coordenador da transição e já confirmado como futuro chefe da Casa Civil, Lorenzoni dará a palavra final sobre a lista dos nomes que ocuparão os 50 cargos disponíveis para a equipe de transição, com salários que variam de R$ 2 mil a R$ 16 mil.
Os membros da equipe de transição devem tomar posse dois dias após serem indicados e ficam no cargo de forma temporária até dez dias após a posse do novo presidente da República. Antes de assumir, passarão pelo crivo da área jurídica do Palácio do Planalto, que vai verificar se existe algum tipo de impedimento para nomeação em cargo público.
Nesta segunda-feira, 29, em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que aguarda Lorenzoni para uma reunião nesta quarta-feira, 31, em Brasília. Ele afirmou que o CCBB está pronto para receber a equipe de transição, assim que ela for indicada. "O espaço para a transição já está perfeitamente instalado com móveis, computadores, recepção de prédio, segurança da Polícia Federal", disse. Padilha não descartou a possibilidade de a Força Nacional reforçar a segurança do prédio.
No local, estão disponíveis 22 gabinetes para a equipe de transição, incluindo as duas salas especiais para o presidente e o vice-presidente eleitos, em áreas reservadas. Também serão oferecidas 78 posições de trabalho.
Com 50 cargos disponíveis, a projeção da campanha é de que mais pessoas trabalhem como voluntários - são esperados cerca de 300 integrantes. Serão nomeados apenas aqueles que precisam deixar outras funções no governo ou são peças-chave nas equipes. Os próprios generais da reserva, como Heleno e Ferreira, não deverão receber cargos na transição oficialmente.
Em paralelo, os assessores aguardam decisões que caberão ao próprio presidente eleito, como o número efetivo de ministérios que serão mantidos. De acordo com fontes, a tendência hoje é de que Bolsonaro mantenha separado os ministérios dos Transportes e de Minas e Energia. O candidato chegou a dizer que as pastas seriam fundidas em um Ministério de Infraestrutura, mas a avaliação agora é de que isso dificultaria o dia a dia das áreas.
Também hoje a expectativa é de que Bolsonaro não una os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, como chegou a anunciar. O próprio presidente eleito disse na semana passada que a proposta pode ser revista.
O grupo de Brasília também prepara as prioridades para os cem primeiros dias do próximo presidente. Na área de infraestrutura, por exemplo, a primeira ação será concluir obras como a da BR-163 e fazer estudos sobre a viabilidade de todas as obras paralisadas no governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.