Caio Mario Paes de Andrade, novo presidente da Petrobras: missão de levar adiante bandeira da privatização (Leandro Fonseca/Exame)
Carla Aranha
Publicado em 24 de maio de 2022 às 15h16.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 15h19.
Homem de confiança de Paulo Guedes e de Alfredo Sachsida, recém-empossado no cargo de ministro de Minas e Energia, Caio Mario Paes de Andrade chega à Petrobras com duas missões importantes. Considerado um hábil negociador e um “legítimo representante da visão liberal de Guedes”, nas palavras de fontes próximas ao governo, o novo presidente da empresa deverá levar adiante a bandeira da privatização e de uma política de preços mais compatível com a visão do governo.
O ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia teria a incumbência de evitar “derrapadas” (sob a ótica do núcleo duro da pasta liderada por Guedes e pelo Palácio do Planalto) como o aumento de quase 9% no diesel, praticado no último dia 9, depois de 60 dias sem reajustes. Embora haja um entendimento de que aumentos internacionais na cotação do barril de petróleo precisem ser de alguma forma repassados pela Petrobras, há questionamentos sobre como e quando isso deve ser feito. O tema é sensível -- na semana passada, o frete rodoviário encareceu cerca de 10% devido ao reajuste do diesel, segundo a Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen), com impactos diretos no preço dos alimentos.
Em um ano eleitoral, a preocupação é direcionada não só à inflação, mas também às benesses usufruídas pela companhia que influencia a vida de dezenas de milhões de brasileiros -- cuja repercussão pode respingar no governo. Nesse sentido, não teria sido bem vista, por exemplo, a notícia do pagamento de 13 milhões de reais em bônus para a diretoria da companhia, divulgada em abril. Andrade, empreendedor do setor de tecnologia e um dos criadores do fundo de investimento WebForce, é visto como um gestor que navega bem na elaboração de medidas como corte de custos e de privilégios.
Andrade também teria recebido a missão de levar adiante o plano de privatizar a Petrobras. Não que o governo, a empresa e o mercado apostem que isso vá sair neste ano – trata-se de um processo que leva tempo e demanda, entre outras coisas, aprovação do Congresso. A intenção é deixar tudo encaminhado para um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com fontes próximas ao Planalto. No último dia 13, Alfredo Sachsida e Paulo Guedes solicitaram oficialmente a inclusão da Petrobras (e da Pré-Sal Petróleo SA, a PPSA) no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Ministério da Economia. Com isso, podem ser iniciados os estudos de desestatização.
O próximo passo, no caso da PPSA, estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia que administra os contratos para comercialização de petróleo e gás natural, deverá ser a formação de um comitê interministerial, com representantes das pastas de Economia e Minas e Energia, para avaliar a privatização da empresa. Por fim, caberá ao Conselho do PPI, como é de praxe, analisar o parecer apresentado e decidir se o processo terá continuidade. A venda da Petrobras, caso seja levada adiante, deverá ter um trâmite um pouco mais complexo, passando por votação da Câmara dos Deputados e Senado. Na avaliação de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, o tema não deverá entrar em pauta este ano.
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