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Novo presidente da CBF, Vicente se destaca como político

O advogado Marcus Vicente: no esporte, ainda que tenha presidido a Federação de Futebol do Espírito Santo por 20 anos, pouco fez para que os clubes evoluíssem


	O advogado Marcus Vicente: no esporte, ainda que tenha presidido a Federação de Futebol do Espírito Santo por 20 anos, pouco fez para que os clubes evoluíssem
 (CBF/ Divulgação)

O advogado Marcus Vicente: no esporte, ainda que tenha presidido a Federação de Futebol do Espírito Santo por 20 anos, pouco fez para que os clubes evoluíssem (CBF/ Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2015 às 09h59.

São Paulo - O advogado capixaba Marcus Antônio Vicente, de 61 anos, é mais um daqueles personagens que uniram política e futebol em sua trajetória. Na política, ainda teve algum destaque regional, como prefeito de Ibiraçu, sua cidade natal.

No esporte, ainda que tenha presidido a Federação de Futebol do Espírito Santo por 20 anos, pouco fez para que os clubes do Estado evoluíssem. E hoje é o presidente da CBF.

Exerce o cargo, ainda que de forma interina e sob as ordens do licenciado Marco Polo Del Nero. E chega com discurso bem ao gosto dos políticos, o de que vai fazer uma administração conciliadora, que contribua para o futebol brasileiro, e pelo tempo que for necessário - até que Del Nero possa retornar, segundo disse.

Não é exagero dizer que Vicente fez da política trampolim para o futebol, estadual e nacionalmente. Primeiro, foi vereador em Ibiraçu, cidadezinha a cerca de 60 km da capital Vitória, em 1976 - em 2010, de acordo com o Censo do IBGE, a população era de 11.178 habitantes. Tinha então, 22 anos.

Vicente viria a ser prefeito de Ibiraçu duas vezes, teve cargos no governo do Espírito Santos e expandiu suas asas para fora do Estado. Atualmente, cumpre seu quinto mandato como deputado federal (hoje está no PP, depois de passar por vários partidos).

Garante que vai se licenciar, inicialmente por 30 dias, para poder cuidar da CBF - algo que sempre fez muito bem, mas no Congresso.

Integrante da Bancada da Bola, sempre defendeu os interesses da entidade e de seus comandantes, desde os tempos de Ricardo Teixeira. E foi com o ex-presidente que ele chegou à diretoria da entidade, como um dos vices, em 1995. De lá não saiu mais.

Enquanto isso, o futebol do Espírito Santo, que ele dirigiu de 1994 ao início de 2015, empacava. Hoje não tem nenhum clube nas Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. É verdade que antes de Marcus Vicente os clubes capixabas também não eram grande coisa.

Nem Desportiva e Rio Branco, nem o pequeno Ibiraçu, que ele presidiu na década de 1980 e que conquistou o título estadual em 1988.

A atuação pró-CBF já rendeu algumas dores de cabeça a Vicente.

O relatório da CPI da CBF/Nike, em 2001, por exemplo, apontou que a Federação de Futebol do Espírito Santo deixou de recolher alguns impostos e que não foram encontrados registros contábeis no período de 1995 a 2000. Também não houve comprovação, de acordo com o relatório, do destino de R$ 50 mil que a CBF enviou à federação no ano de 1998.

Mais recentemente, Marcus Vicente, que já recebeu doações da CBF para suas campanhas a deputado, foi acusado de ter intermediado acordo pelo qual a Desportiva desistiu de uma ação judicial contra a entidade que poderia lhe garantir uma verba milionária se ganhasse.

O acordo foi invalidado pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo.

Com Marco Polo Del Nero no comando da CBF, o prestígio de Vicente se manteve. Ele era um do nomes cogitados pelo presidente licenciado para substituí-lo, embora no momento não fosse o favorito e só tenha sido escolhido porque Fernando Sarney não aceitou a missão.

E, no início do mês, foi o chefe da delegação da seleção nos jogos contra Argentina e Peru pelas Eliminatórias.

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