Baleia Rossi: deputado é o novo presidente do MDB (Luis Macedo/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de outubro de 2019 às 14h54.
Última atualização em 7 de outubro de 2019 às 15h41.
Prometendo "renovação", o MDB confirmou o deputado federal Baleia Rossi (SP) seu presidente, em convenção marcada pelas presenças de velhos caciques da legenda como o ex-presidente José Sarney, o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira e os ex-ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha.
Em seu discurso, Rossi afirmou que o MDB precisa de uma identidade e mostrar que é "possível viver sem ser governo". "Hoje precisamos escolher novas bandeiras. É preciso saber que é possível viver sem participar de governo porque somos muito maior do que isso", afirmou Rossi, que sucede o ex-senador Romero Jucá.
Sob o slogan "Renovação Democrática", o encontro planejado para mostrar um "novo MDB" serviu também de palanque para resgatar velhas lideranças políticas afastadas dos holofotes por derrotas nas urnas nos últimos pleitos ou por investigações como a Operação Lava Jato.
"A unidade do partido é fundamental para gente poder mudar, reconectar o nosso partido com os anseios da sociedade e da voz a nossa militância. Respeitando a nossa história, mas também sabendo que o partido tem que olhar para frente", afirmou Baleia Rossi.
Os salões do Centro de Convenções do Meliá 21, na região central de Brasília, estavam repletos de imagens do ex-presidente da Câmara Ulisses Guimarães, fundador e um dos políticos históricos da legenda. Ao microfone, os emedebistas enalteciam o governo do ex-presidente Michel Temer, que não compareceu.
Sem Temer, a grande estrela do velho MDB foi o ex-presidente José Sarney. Aos 89 anos, ele teve dificuldade de circular por conta da tietagem de filiados. A cada momento o ex-presidente era parado para fotos. "Falam do velho Sarney. Não me sinto velho, não. Sou jovem como disse o Jucá. E ainda me sinto mais jovem vendo todas as mulheres, como vejo aqui hoje", afirmou o ex-presidente.
As críticas à chamada "nova política" também estavam presentes. Sem conseguir a reeleição, Jucá que assumirá uma cadeira de "vogal" na Executiva, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. "Qual é a nova política? Qual é a que ele (Bolsonaro) pratica? Política é a política. É a boa política e a má política. Fazer política é tomar decisões para afetar a vida das pessoas. Quem faz bem afeta positivamente, quem faz mal, destrói a vida das pessoas", afirmou
Presente à convenção, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu os quadros históricos do partido. "Nós temos muitas realizações juntos e não devemos ter vergonha do que fizemos. Temos que valorizar e mostrar à sociedade que temos experiência para fazê-las. Porque falar com boas narrativas, isso é fácil. O difícil é ter bons quadros como o MDB", afirmou.
O ex-ministro Moreira Franco afirmou que é necessário ter "humildade" para reconhecer a necessidade de mudanças internas. "Temos que ter humildade e fazer diferente. Os resultados das últimas eleições para nós, do MDB, foram terríveis. Temos que incorporar, entender, mudar para nas eleições municipais termos a mesma recepção que o partido teve no passado", afirmou o ex-ministro.
Nem todos os filiados presentes na convenção estavam satisfeitos com a presença dos caciques. "Não me sinto à vontade em uma convenção como essa. Vão sair fotos daqui que terei vergonha", afirmou o deputado estadual no Rio Grande do Sul, Edson Brum (MDB).
Os nove membros da executiva eleita chegam ao comando do partido pela primeira vez. O grupo tem três filhos de políticos tradicionais: o próprio Baleia Rossi (filho do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi) o deputado federal Newton Cardoso Júnior (filho do-governador de Minas Gerais Newton Cardoso) e o ex-deputado Daniel Vilela (filho do ex-governador de Goiás Maguito Vilela).
Depois de lançar a "Ponte para o futuro", que serviu de base para os dois anos do governo de Temer, o MDB lançou um novo manifesto "Renovação democrática é emprego e oportunidades" em que defende as reformas tributária, da Previdência e as mudanças na legislação trabalhista implantadas por Temer.
O texto propõe que o governo federal incentive a criação de emprego fazendo parcerias com prefeituras para criar vagas para serviços de zeladoria, varrição e pequenos reparos nos 5.570 municípios brasileiros.
"É preciso adotar medidas emergenciais para recuperar o emprego. O MDB defenderá uma proposta de geração de empregos com fundos de desenvolvimento e fomentos já disponíveis", afirma Rossi.